
Não é “se”, mas “quando” as empresa terão robô humanoide - Crônica, por Emanuel Silva*
15/05/2025 -
A geração que hoje está no comando do Brasil – CEOs, políticos, sindicalistas – cresceu assistindo Os Jetsons, com seus robôs domésticos e carros voadores, e Mad Max, com um futuro caótico onde a tecnologia é tão salvadora quanto destruidora. Era ficção, mas moldou sonhos e medos. Agora, com a inteligência artificial (IA) e robôs humanoides como o Optimus da Tesla batendo à porta, essa mesma geração parece surtar. Não é entusiasmo, é pânico. Suas excelências, dia sim outro também, querem regular tudo: IA, robôs, algoritmos, como se fosse possível engaiolar o futuro com leis escritas em papel. Coitados.
É frustração por não entenderem o ritmo da mudança? Ignorância sobre o que a tecnologia pode fazer? Ou burrice e prepotência juntas, por acharem que podem frear o inevitável?
O fato é que a Nova Revolução Industrial – a era da automação total, da IA ubíqua e dos robôs integrados – não pede licença. Ela chega, quer você goste ou não. E, no Brasil, o atraso cultural e político só vai tornar a transição mais dolorosa.
O custo do robô versus o custo do trabalhador no Brasil
Vamos aos números, porque dinheiro fala mais alto que ideologia. Um robô humanoide como o Optimus da Tesla, segundo estimativas, custa entre R$113.502 e R$170.253 (US$20.000 a US$30.000). No Brasil, o salário médio anual de um trabalhador é de cerca de R$40.200, sem contar encargos trabalhistas, que podem dobrar esse valor para a empresa (digamos, R$80.400 por ano). Um robô, que não tira férias, não faz greve e não precisa de plano de saúde, se paga em cerca de 1,4 a 2,1 anos, considerando apenas o custo inicial e o salário bruto mais encargos. Se incluirmos manutenção (estimada em 10-20% do valor do robô por ano) e compararmos com um funcionário em tarefas repetitivas, o retorno sobre investimento (ROI) pode chegar em menos de 2 anos em indústrias como manufatura ou logística.
Compare isso com um funcionário humano: além do salário, há custos intangíveis – rotatividade, treinamento, erros humanos e o pior de tudo a insegurança jurídica reinante. O robô, por outro lado, melhora com atualizações de software e pode trabalhar 24/7. Para empresas, a escolha é óbvia: o robô não é um luxo, é uma necessidade competitiva. No Brasil, onde a produtividade por trabalhador é baixa e os custos trabalhistas são altíssimos, a adoção de robôs humanoides será uma questão de sobrevivência para empresas que quiserem competir globalmente.

O anacronismo tupiniquim e a resistência à Quinta Revolução
Mas o Brasil não facilita. Uma turba de sindicatos, presos a um modelo do século XX, vão gritar que robôs “roubam empregos”. Uma turma de políticos e outras excelências (que não se pode nominar em virtude da censura), com a caneta na mão, vão inventar cotas para humanos, sobretaxas para robôs e impostos sobre automação. É o anacronismo em ação. Enquanto a China, admirada pelo atual mandatário da republika, planeja produzir robôs humanoides em massa até 2025 e os EUA testam robôs em fábricas, o Brasil discute a criação da “Estatal Tupinanbá de Inteligência Artificial”, a regulação do Tik Tok e apresenta mapas mundi de cabeça para baixo. É de uma pouca-vergonha sem fim.
Essa mentalidade atrasada vai dificultar a entrada do Brasil nesta nova Revolução Industrial. Em vez de investir em requalificação ou incentivar a inovação, a turma do atraso tenta frear o desenvolvimento com burocracia e muito populismo. Resultado? As empresas que puderem vão automatizar anyway, porque o mercado global não espera. E o trabalhador manual, que carrega peso e faz atividades repetitivas, fica condenado a empregos que robôs poderiam fazer melhor, mais rápido e mais seguro. Chaplin já fazia esta crítica a este tipo de trabalho faz quase um século, mas a vanguarda da estupidez do Brasil insiste que isso é bom, enquanto o resto do mundo avança.
Robôs como empregados, humanos como sobra
No fim, a resistência é inútil. As empresas vão adotar robôs humanoides porque é economicamente inevitável. A Tesla já usa o Optimus em suas fábricas, e em breve ele estará em outros setores – de galpões da Amazon a restaurantes de fast-food. O Brasil, com sua teimosia regulatória, vai atrasar, mas não evitar. E quando ceder, será tarde: as cotas para humanos vão virar piada, as sobretaxas vão engordar os cofres públicos sem resolver nada, e os impostos sobre robôs só vão encarecer produtos para o consumidor. E certamente não vai faltar algum gaiato para propor o Sindicato dos Robôs e Seus Operadores. Filme Velho e Golpe Manjado.
Enquanto isso, o povo – aquele que não se requalificar – vai se virar. Os empregos manuais, que já são mal pagos, vão sumir ou ficar ainda mais precários. A promessa de renda básica universal vai ser um novo mote: a bolsa família é para vocês, já para as excelências é um outro auxílio bem mais recheado.
O futuro será de robôs como empregados e humanos como sobra, lutando por migalhas em um país que, a continuar nesta toada do retrocesso, vai na contra mão.
A questão não é “se” sua empresa terá um robô humanoide. É “quando”. E, no Brasil, esse “quando” vai custar muito caro.
*Emanuel Silva, é Professor e Cronista
**Os artigos assinados expressam a opinia?o dos seus autores e na?o refletem necessariamente a linha editorial de O Poder.
