
Democracia Sob ataque - A censura que Vem do Oriente
19/05/2025 -
Por Zé da Flauta*
Lá vem ela de novo, vestida de bons modos, mas com os punhos fechados: a censura. Agora, com tempero chinês. A parceria entre o governo brasileiro e uma empresa estatal da China para “monitorar conteúdos digitais” acendeu um alerta até na velha mídia, aquela que até ontem se calava ou fingia que não via. O plano é claro: como não conseguem enfrentar a oposição no campo das ideias, partem para a truculência. E o pior: com tecnologia de um país que não conhece liberdade de imprensa, muito menos democracia. Um regime que bloqueia o Google, prende jornalistas e controla a internet como quem vigia uma cela. É esse modelo que está sendo importado?
Algoritmos censores
O Brasil nasceu da palavra, da carta de Caminha, das vozes do povo, das canções de protesto, das rádios livres, dos blogs que enfrentaram ditaduras disfarçadas. Mas agora, querem nos fazer crer que o problema é a desinformação, como se o povo não soubesse distinguir mentira de opinião. Como se toda crítica fosse fake news. A democracia não teme o debate, ela vive dele. Só regimes fracos precisam calar seus críticos. E o que se vê hoje é um governo que abandona os argumentos e abraça os algoritmos censores. Um governo que confunde segurança digital com mordaça ideológica.

Controle
O mais grave não é só o que estão fazendo, mas como estão fazendo: sem debate público e sem consultar a sociedade civil. Vai passar pelo Congresso? Por trás de um discurso técnico, esconde-se um projeto político: enfraquecer a resistência, controlar a narrativa, domesticar a opinião pública. A quem interessa isso? Aos que têm medo da verdade. Aos que não suportam o contraditório. Aos que acham que governar é manipular.

Abismo
Mas é bom lembrar: ninguém segura o povo por muito tempo. A liberdade é como a água , pode ser represada, mas sempre encontra uma fenda para correr. Cabe a nós, cidadãos atentos, jornalistas livres, comunicadores independentes e usuários conscientes, denunciar, protestar e resistir. A liberdade não é um presente, é uma conquista diária. E quando até a velha imprensa se assusta, é sinal de que o abismo está próximo. Ou reagimos agora, ou amanhã acordaremos num país onde até o silêncio será vigiado.
Até a próxima!
*Zé da Flauta é músico, compositor e escritor.
NR - Os artigos assinados expressam a opinião dos seus autores. Neste caso, O Poder concorda 100%. Ideias divergentes serão acolhidas e publicadas, sem burocracia.
