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APL: Livro de Jacques Ribemboim movimentou Academia esta tarde
19/05/2025 -
Hoje à tarde foi lançado o livro 'Ensaios Econômicos', de Jacques Ribemboim, na Academia Pernambucana de Letras, da Editora Babecco, R$ 30,00. Na ocasião, aconteceu um rico debate sobre temas da economia brasileira e nordestina. Intervieram o ex-deputado Constituinte Harlan Gadelha, o jornalista Fernando Castilho, a professora Sonia Ferreira, chefe do Departamento de Economia da UFRPE e o próprio autor com uma exposição provocativa, que deixou muitos temas para debate. Sob o comando do presidente da Academia, Lourival Holanda.
JC
A edição do livro prestou homenagem ao Jornal do Commercio, cujo centenário aconteceu em 2019. O livro reúne artigos do autor publicados em jornais e revistas nos últimos trinta anos e que curiosamente se mantêm atuais. Além disso, como destaca Ribemboim, cada artigo apresenta ideias inusitadas e visões contrárias ao lugar-comum. “Na controvérsia reside o avanço da ciência”, afirma.
Não neoconialismo interno
Um dos assuntos abordados faz referência à tese do neocolonialismo interno, diversas vezes reiteradas pelo autor do livro, que aponta o enorme prejuízo causado à Região Nordeste em decorrência da centralidade econômica e decisória do Sudeste: “No jogo inter-regional, é o Nordeste que sai perdendo. Pelo menos um quarto da vida produtiva dos nordestinos é transferido em benefício dos sudestinos”.
Papel da China
No artigo intitulado “Uma Crise Interminável”, datado de 2009, apresenta a famosa “crise mundial de 2008”, que abalou o sistema financeiro internacional, como decorrente da emergência da China nos mercados globais e a perda de competitividade dos países ocidentais. Neste sentido, impressiona como um texto publicado há 16 anos conseguiu antecipar muito da atual contenda tarifária entre os EUA e a China.
As bolhas
Nada menos que 7 artigos do livro abordam a bolha gerada na economia brasileira entre os anos de 2009 e 2010, que deitaria por terra toda a década subsequente. A estagnação dos anos de 2010 configura uma “nova década perdida”, comparada aos anos oitenta. As medidas tomadas nos últimos anos do 2o mandato de Lula, o chamado “pacote de bondades”, terminariam se transformando em uma bomba-relógio a explodir nas mãos da sucessora, culminando com o processo de impeachment de Dilma Roussef. “Estava claro que a economia crescia de forma insustentável, lastreada em endividamento público e das famílias”, conclui o economista.
Outro sentido
Ribemboim simplesmente inverte a lógica da migração campo-cidade. As forças prevalentes são de atração e não de repulsão. Em lugar de um “expulsionismo rural determinista”, prevalece o “atrativismo urbano possibilista”. Esse é o propulsor maior da dinâmica migratória. Em outras palavras, a família rural não migra em decorrência da perda de condições de vida, mas, sim, para melhorar essas condições. Parece o mesmo, mas não é. A segunda hipótese requer políticas de adaptação e requalificação do camponês à nova ambiência urbana, algo bastante distinto das políticas que buscam “segurar o homem ao campo”. Nesse sentido, as políticas públicas de mitigação da pobreza erraram sistematicamente ao longo todo um século.
