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Campanha de 1960 - Comício de Jânio em Caruaru foi um marco na escalada da grande vitória

23/05/2025 -

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Por Tavares Neto

No dia 18 de maio de 1960, há exatos 65 anos, Caruaru vivenciou um dos momentos políticos mais marcantes de sua história. O então candidato à Presidência da República, Jânio Quadros, esteve na cidade para realizar um grande comício ao lado da Igreja da Conceição, no centro, em plena campanha eleitoral.

A visita teve forte apoio político local: o prefeito João Lyra Filho, os deputados Drayton Nejaim e Tabosa de Almeida, além do governador de Pernambuco, Cid Sampaio, todos da União Democrática Nacional (UDN), estiveram ao lado de Jânio durante o evento.

O símbolo da campanha — a vassoura — que prometia “varrer a corrupção do Brasil”, foi presença marcante. Em um gesto simbólico e marcante, todas as vassouras do comércio e da feira de Caruaru foram vendidas naquele dia. O então presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, era alvo de críticas por supostos casos de corrupção, principalmente relacionados à construção da nova capital, Brasília.

Um momento curioso e impactante do comício ocorreu quando o sino da Igreja da Conceição tocou 12 badaladas, marcando o meio-dia, exatamente no momento em que Jânio começava seu discurso. Aproveitando a coincidência, ele exclamou:
“Até Deus começa a me saudar com o sino da Igreja Católica para que eu vença as eleições, derrotando o comunismo e a corrupção no Brasil!”
A plateia respondeu com aplausos efusivos e o agitar de vassouras. O detalhe é que as badaladas haviam sido combinadas previamente pelo deputado Drayton Nejaim com o sacristão da igreja, criando um momento teatral e estratégico.

Cid Sampaio, governador da UDN, convocou prefeitos, vereadores e secretários de toda a região para o comício. A Rádio Cultura do Nordeste, recém-inaugurada e de propriedade do prefeito João Lyra Filho e do deputado Drayton Nejaim, transmitiu o evento ao vivo.

Após o comício, Jânio foi até a residência do advogado Epitácio Martins (conhecido como Pita), recentemente assassinado na Rua Preta. Pita era diretor do Comércio Futebol Clube e celebrava a conquista do título de campeão da cidade quando foi morto por um agente da Polícia Federal. O advogado, neto do ex-prefeito José Martins, questionou a atuação da polícia federal em área urbana, afirmando que o trânsito era de responsabilidade municipal. O agente reagiu com agressão e efetuou o disparo fatal. Em sua visita, Jânio prometeu que, se eleito, atuaria para combater a violência no país.

Encerrando sua agenda em Caruaru, Jânio concedeu entrevista à Rádio Difusora, conduzida pelo radialista Paulo Leite. Professor de História e Geografia, Jânio era conhecido por sua eloquência e domínio da língua portuguesa. Após a entrevista, convidou o radialista para uma confraternização regada a uma garrafa de aguardente “Chora na Rampa” e rolinha assada — bebida típica da região.

De Caruaru, seguiu para Belo Jardim. Naquela época, a BR-25 (a atual BR-232) se estendia apenas até São Caetano; o trecho até Belo Jardim era por estrada de terra. Durante o comício na cidade, prometeu ao prefeito Pedro Moura a abertura de uma agência do Banco do Brasil caso fosse eleito. A promessa foi cumprida assim que assumiu a presidência.

Pedro Moura, além de liderança política local, era sogro do estudante de Direito José Mendonça, da Faculdade de Direito de Caruaru. Também era pai de Edson Mororó Moura, fundador da Moura Baterias, e avô do ex-governador de Pernambuco, Mendonça Filho.

A passagem de Jânio Quadros por Caruaru não foi apenas um marco eleitoral — foi um evento que mesclou carisma, estratégia política, simbolismo e emoção, permanecendo vivo na memória da cidade.

*Tavares Neto é jornalista e radialista em Caruaru.

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