Ontem, O Poder publicou a deliciosa história do comício de Jânio Quadros em Caruaru, durante a campanha presidencial de 1960, de autoria do jornalista e radialista Tavares Neto. A propósito, o amigo, leitor e eventual colaborador Sylvio Belém enviou um texto espetacular, bem humorado, sobre os bastidores do acontecimento, que mostra bem o estilo e a personalidade de Jânio.

Vamos ao depoimento de Sylvio:

Estive presente a vários comícios do candidato a presidência Jânio Quadros em 1960 , na condição de oficial de gabinete do então governador Cid Sampaio. Entre eles, guardo algumas lembranças dos realizados em Caruaru e Campina Grande . De modo especial de nossa Capital do Agreste. O homem da vassoura vivia muito preocupado com a possibilidade de sofrer um atentado . Eu era presidente do comitê estudantil pró Janio em Pernambuco que tinha uma kombi para locomoção própria. Ao fim do comício em Caruaru o candidato vinha no nosso meio de transporte, se não me engano, para um jantar na casa do Prefeito Joao Lyra Filho, quando alguem jogou uma pequena pedra que se chocou com o teto da kombi . Isto provocou uma reação histérica de Jânio, que começou a gritar : " querem me matar , querem me matar como mataram Lincoln" isso sob o olhar espantado de todos os ocupantes do veículo , entre os quais essa testemunha que ora vos fala . Ao seu lado , estava o baixinho Seixas Dória, governador de Sergipe , da esquerda nacionalista da UDN, depois perseguido e cassado pela ditadura de 64. Dória o encarou e sem nenhuma paciência bradou : "oh Janio vai tomar no c... ", para espanto e deleite de todos.