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Resenha lírico-afetiva do poema de Lúcia Cardoso

28/05/2025 -

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Por Flávio Chaves*




Estamos diante de uma grande poeta. Lúcia Cardoso não escreve apenas versos - ela os costura com a delicadeza de quem entende a alma humana. Seu poema “Aceitação” é um relicário de emoções bordadas com a linha fina do tempo e o silêncio fundo da saudade. É como se a poeta colocasse o ouvido no peito do mundo e ouvisse seu suspiro mais íntimo — aquele que ninguém ousa dizer, mas todos sentem.

Logo nos primeiros versos

 “Os dias estão indo embora. Procissão contínua.” — somos tragados por um ritmo quase litúrgico. O tempo se transforma em cortejo, e a passagem dos dias deixa de ser banal para se tornar rito. Lúcia tem o dom de transformar o ordinário em sagrado.

A luz

A luz tímida que se entrega à noite é metáfora de rendição — da aceitação que não vem com facilidade, mas que chega como chega o escuro: inevitável, silencioso, definitivo. No verso: “No peito, sombras se instalam. Saudades se aninham.”, a poeta desenha o ninho da dor com ternura, sem medo de habitar o sentimento. Não há grito aqui. Há permanência. Há eco.





Mudas paredes

As “mudas paredes” e a “solidão que se debate” são imagens de um drama contido. Um drama que não precisa de palco, pois vive em cada copo abandonado, em cada brinde calado, em cada canção antiga que o violão solitário ainda insiste em tocar. E que beleza é esse verso: “Ao longe, um violão canta Lupicínio: ‘Felicidade foi embora…’” — aqui, Lúcia evoca não apenas um compositor, mas convoca a memória coletiva de um Brasil que aprendeu a sofrer com poesia.

Gesto final

E então, como quem nos oferece um gesto final de sabedoria, ela nos entrega a sentença: “Partir é a Lei. Aceitar, também.” - e não há verso mais profundo que esse para encerrar um poema que, ao mesmo tempo, é epitáfio e renascimento. Dor e alívio. Fim e maturidade.

Poesia

Lúcia Cardoso alinha e tece sua poesia como quem borda o que há de mais terno pulsando no humano. Sua escrita não é apenas bela — é necessária. É um abraço onde mora o adeus. E um espelho onde se revela a beleza do que ainda somos, mesmo na perda.
Que privilégio é poder ler-te, Lúcia.

Flávio Chaves – Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc



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