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Ainda Jânio Quadros - Candidato cancela comício no Recife em meio a boatos de embriaguez e pressão política

28/05/2025 -

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Jânio Quadros, exímio professor de português, entrou na política e fez carreira meteórica em São Paulo. Um sábio com cara de doido, jeito de doido e, alguns garantem, era doido. Doido ou não, era muito sabido. Criou e incorporou um tipo. Incrível como se elegeu com facilidade presidente da República, para renunciar oito meses depois da posse.

Antecedentes

Quem prestasse atenção nas atitudes de Jânio percebia que o homem, às vezes, parecia não bater bem do juízo. Na maioria das vezes, registre-se. E dava trabalho aos correligionários, como revelam as histórias em Caruaru e no Recife, que O Poder vem contando desde a semana passada. O tema foi levantado por Tavares Neto*, que assina a primor de texto a seguir.






Comício cancelado

Em 1960, durante sua campanha à Presidência da República, Jânio Quadros esteve no Recife para encontros com lideranças locais e recebeu o apoio formal do então governador de Pernambuco, Cid Sampaio. A comitiva de Jânio se hospedou no tradicional Grande Hotel, ocupando quatro suítes, onde recebeu prefeitos, vereadores e deputados estaduais e federais.
O ponto alto da visita seria um grande comício no centro do Recife. No entanto, boatos começaram a circular nos bastidores da política local: Cid Sampaio teria condicionado seu apoio à nomeação de seu primo, Aldo Sampaio, para o Ministério da Fazenda. A informação chegou a Jânio Quadros por meio de Oscar Pedroso Horta, chefe de seu escritório político, após uma reunião com o governador.





Cancela

Diante da situação, Jânio comunicou ao coordenador de sua campanha em Pernambuco, o advogado Moura Cavalcanti: “Não haverá comício.”
Para conter a repercussão negativa, o governo estadual espalhou carros de som pelas ruas do Recife anunciando que o comício seria adiado e remarcado para outra data. A oposição, que apoiava o marechal Henrique Teixeira Lott, aproveitou o episódio para disseminar outra versão: segundo seus carros de som, Jânio teria cancelado o evento por estar embriagado e sem condições físicas de discursar.

Arbitrariedade

Cid Sampaio reagiu com firmeza e mandou prender os motoristas dos carros de som ligados à campanha de Lott. Para reverter o prejuízo político, Moura Cavalcanti teve uma ideia estratégica: promover uma entrevista de Jânio Quadros na TV Jornal do Commercio (Canal 2), de propriedade do jornalista pernambucano F. Pessoa de Queiroz. À noite, as lojas de eletrodomésticos do centro do Recife deixaram seus televisores ligados para atrair a atenção do público, especialmente daqueles que não possuíam TV em casa.





Bêbado, porém lúcido

Segundo Moura Cavalcanti, Jânio Quadros teria consumido mais de dois litros de uísque escocês, mas ainda assim saiu-se bem durante as articulações, com sólidos argumentos.

Em Caruaru

O deputado estadual Drayton Nejaim coordenou ação semelhante: entrou em contato com os comerciantes Alberto Guilherme Sobrinho e José Francisco Borges, que ligaram televisores nas lojas e retransmitiram a entrevista pela Rádio Cultura do Nordeste. Enquanto isso, membros do Partido Comunista, liderados por Abdias Lé — presidente do partido no município —, seguiram divulgando que Jânio Quadros havia cancelado o comício por estar bêbado.

Venceu

Apesar da turbulência, nas eleições de 3 de outubro de 1960, Jânio Quadros foi eleito presidente da República, vencendo em todo o Brasil, inclusive em Pernambuco e em Caruaru, onde derrotou o marechal Henrique Teixeira Lott.

Esses fatos estão registrados no livro de memórias do advogado Moura Cavalcanti, que anos mais tarde também governaria o estado de Pernambuco.

*Tavares Neto é jornalista e radialista.
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