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A força da honestidade - O povo decente que mantém o Brasil em pé, por Emanuel Silva*

28/05/2025 -

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No Brasil, convivem dois mundos: o primeiro, onde reina a safadeza, no qual se afana o alheio de forma despudorada; o segundo, onde a honestidade e o bom senso são regras de vida e de conduta.
De tanta notícia ruim envolvendo o reino da gatunagem, somos levados a imaginar que tudo está perdido, sem solução.

Pois bem: existe também uma multidão invisível — que se espalha pelas feiras, calçadas, oficinas e praças — que não recebe manchetes, não ocupa horário nobre, mas que, silenciosamente, mantém o Brasil de pé.

Para esse grupo, a palavra ainda vale mais do que a malandragem. A decência não é performance — é hábito.

A Lição do Self Service

Em um passeio pelo Polo da Moda, em Caruaru, comprovamos a força dos gestos decentes, de um Brasil silencioso, no qual reinam o bom senso, a gentileza e a honestidade.

Sem muita fome, mas com muita curiosidade, decidimos almoçar em um restaurante na praça de alimentação, onde a regra era simples: sirva-se à vontade e pague vinte reais.

Nada de balança, fiscais ou câmeras — apenas confiança.

Colocamos dois pratos. Um com uma porção razoável e outro com pouca comida. Muito pouco mesmo. Tanto que, ao chegar ao caixa — acreditamos ser o dono ou gerente — ele levantou os olhos e, com naturalidade, perguntou:

_ Este outro prato é só isso? É para você ou para uma criança?

Respondemos:

_ É só isso. A refeição é nossa sim.

E, sem pestanejar, ele falou:

_ Então vou cobrar só cinco reais neste segundo prato, tudo bem?

Honestidade sem rodeios. Sem necessidade de nota técnica, parecer jurídico ou fiscalização.

Bom senso misturado com gentileza. A ética como um presente inesperado — que nos surpreende justamente por sua simplicidade e autenticidade.

O Troco, a Verdade e o Caráter

A cena seguinte foi ainda mais simbólica. Ainda estávamos sentados na praça quando nos deparamos com uma pessoa, do mesmo restaurante, falando para três pessoas que estavam bem à nossa frente.

Como estávamos de frente e muito perto, vimos e escutamos claramente quando a funcionária se dirigiu ao grupo que acabava de sentar:

_ Vocês pagaram a mais pelo refrigerante. Estou devolvendo.

E, com serenidade, entregou uma nota de vinte reais a uma das pessoas, como quem sabe, de forma tranquila e segura, que o certo não depende de plateia nem de recompensa.
Ali, entre costuras e vitrines, vimos a alma de uma verdadeira nação: a que não se esconde atrás de anteparos ou discursos; a que não precisa de auditoria ou de compliance para saber a diferença entre certo e errado.

Aos que Governam, uma Lição. Ao povo simples, uma visão

Nossas excelências se perdem em versões, narrativas e blindagens para justificar o injustificável. Uns juram que não viram nada. Outros garantem que não sabiam de coisa alguma. E há os que, mesmo diante do flagrante, preferem discutir o "contexto histórico".

No reino da safadeza, graúdos roubam-se aposentadorias, superfaturam-se hospitais, desviam-se recursos da merenda — e os culpados permanecem nas cúpulas, inatingíveis, acobertados por toga ou imunidade. E de outro lado uma turba de miseráveis morais, roubam caminhões de carga, saqueiam veículos tombados de refrigerantes ou carnes — sempre com a velha justificativa: "ganhamos pouco". Exemplo que vem de cima, se replicando embaixo da pirâmide.

Já no reino da honestidade e do bom senso, estão os que não furam fila, o caixa do restaurante que devolve o troco, o comerciante que prefere a verdade à vantagem.

São eles que nos lembram, silenciosamente, que democracia não se defende com discursos vazios, mas com exemplos concretos.

Sim, há um golpe em curso no Brasil: a indecência institucionalizada, travestida de normalidade. E, se há algo que merece ser defendido com urgência, é o que ainda resta de vergonha na cara.

Porque, sem confiança, não há república — só farsa, com tapete e pompa.

E que nunca nos esqueçamos: a honestidade invisível sopra com força, trazendo esperança!


*Emanuel Silva, é Professor e Cronista


**Os artigos assinados expressam a opinião dos seus autores e não refletem necessariamente a linha editorial de O Poder.

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