O livro, publicado pela Companhia Edutora de Pernambuco - CEPE, foi
organizado pelo filósofo, professor e escritor Flávio Brayner. A proposta é analisar o significado do termo cultura nos dias atuais. São ensaios escritos por intelectuais brasileiros e franceses. Nos textos, os autores abordam temas de áreas diversas do conhecimento e sob vários ângulos, mostrando porque o assunto cultura continua atual. O termo, antes associado à erudição, perdeu esse sentido a partir do surgimento da "cultura de massas".

Conceito

A partir da impressão desse desgaste recente da palavra cultura, " que tornou-se um termo polissemia e aberto, o professor Flávio Brayner convidou 46 autores para refletirem, sob vários ângulos e a partir de áreas diversas do conhecimento, sobre o que pode significar tal termo nos tempos atuais. Das universidades ao urbanismo e à negritude, da esperança à publicidade e à poesia, os textos deste livro debruçam-se sobre o conceito de cultura, que se mantém alvo de debates acalorados e profundos na arte, na sociedade e na política de todo o mundo desde o século XIX. O livro reúne artigos de escritores do Brasil e da França que refletem sobre vários temas dentro de áreas como educação, jornalismo, arte, direitos humanos, política e tecnologia, além das citadas anteriormente.

Compilação

O professor Flávio Brayner conta que a compilação de 46 artigos em 504 páginas só foi possível por meio de uma provocação.
“A minha preocupação inicial era com o uso constante - que vejo nos jornais e nas revistas - dos termos ‘cultura da violência’ e ‘cultura do estupro’, quando a gente sabe que foi exatamente contra a essas violências intrínsecas às pulsões mais fundamentais do homem que a cultura foi produzida. Para criar instituições e normas que impedissem que nós nos destruíssemos", explicou.

Reflexão

Para o professor Flávio Brayner, o livro “Cultura: sobre a diversidade de um conceito” é um convite à reflexão.
“Eu não espero que o leitor faça uma leitura igual à minha, nem necessariamente igual a nenhum dos autores. Que ele faça uma leitura própria e possa concluir sobre o que perdemos quando falamos sobre coisas como 'cultura do estupro'. E se a xenofobia, o feminicídio e a homofobia se transformarem em artefatos culturais que possam ser transmitidos às novas gerações, o que podemos esperar do futuro a partir daí?", questionou Brayner.

Artigos

Concordando com a relevância da proposta, O Poder, a partir da próxima segunda feira, vai publicar os capítulos da obra. O primeiro texto será da autoria do professor e político Paulo Rubem Santiago, mestre e doutorando em Educação, professor da UFPE e ex-deputado federal, com o título 'Cultura e Democracia'. A ordem das publicações foi definida pelo organizador.