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Opinião - Goste quem Gostar mas a Paraíba Está Vencendo, por Emanuel Silva*

01/07/2025 -

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Numa disputa silenciosa, longe das câmeras, dos slogans e das faixas de inauguração, a Paraíba está vencendo o campeonato do Norte e Nordeste. Mas não é futebol — é algo bem mais sério: a disputa pelo título de melhor estado para se viver e trabalhar.

Os números

Falam por si: entre 2017 e 2022, foi o único estado do Norte e Nordeste a registrar saldo migratório positivo, atraindo mais de 30 mil novos moradores. Isso representa 0,77% da sua população, o que, proporcionalmente, a coloca acima de todos os seus vizinhos regionais.
Em tempos de evasão histórica e constante do Nordeste, esse dado não é apenas estatístico — é uma vitória. E que vitória!

A Paraíba

Demonstra capacidade de atrair pessoas, oferecer qualidade de vida, manter seus filhos e ainda acolher os de outros estados. Tudo isso sem barulho, sem maquiagem institucional, apenas com uma gestão mais equilibrada e um cotidiano mais possível.

O Reverso do Progresso

Quando os “Gigantes” perdem gente, a Paraíba cresce. Os gigantes do Nordeste parecem encolher.
A Bahia, com seu expressivo polo industrial e agrícola e uma população de quase 15 milhões, perdeu mais de 41 mil pessoas (?0,28%). Já Pernambuco, outro expoente tradicional do desenvolvimento regional, também registrou perda de 41.486 habitantes, o que equivale a ?0,43% da sua população. E o Ceará, muitas vezes apontado como modelo em educação, não conseguiu se destacar: perde 697 habitantes, praticamente estagnado em termos relativos (?0,01%).
O que aconteceu com os “gigantes” do Nordeste, antes exaltados como exemplo de superação histórica?
Grandes obras, polos industriais, bons indicadores educacionais — nada disso tem sido suficiente para atrair ou reter pessoas. Porque a vida real se impõe.

E nesse cenário

A Paraíba caminha na contramão, e com sucesso.
Os dados mais dramáticos, no entanto, estão no Norte e em estados nordestinos menos populosos: Acre (?2,86%), Amapá (?2,00%), Maranhão (?1,84%), Rondônia (?1,24%). O que se vê é um retrato claro: ninguém quer permanecer onde não enxerga perspectiva de melhoria.
"A migração mostra quem realmente oferece futuro."

Quando o Discurso Não Convence

Os Pés Decidem. As pessoas estão migrando — e migrar é decidir.
É decidir que não dá mais. É apostar que existe algo melhor em outro lugar. É, acima de tudo, exercer liberdade.
Não se trata de moda, turismo ou impulso. Trata-se de sobrevivência.
O Nordeste, berço de lutas, cultura e resistência, parece mergulhado numa crise silenciosa de gestão urbana, desigualdade social e políticas que não alcançam o cotidiano da maioria.
Nesse vácuo, a Paraíba surge como alternativa viável. Campina Grande se consolida como polo tecnológico e educacional. João Pessoa como uma capital organizada, segura e mais acessível.
O Brejo e o Cariri paraibanos recebem atenção crescente, com foco em sustentabilidade, turismo regional e reativação econômica.
Enquanto isso, as capitais vizinhas apostam em um glamour cada vez mais artificial e distante da realidade popular.

Liberdade de Ir, de Viver e de Falar

O saldo migratório revela onde o povo quer viver.
E essa decisão não se obriga, não se manipula, não se censura.
Como nos lembra Amartya Sen, Prêmio Nobel de Economia:
“O desenvolvimento consiste na remoção das principais fontes de privação da liberdade: pobreza, tirania, oportunidades econômicas limitadas e a negação da liberdade de expressão.”

Hoje

Quando a liberdade de expressão no Brasil enfrenta pressões — seja por censura direta, perseguição judicial ou imposição da neo verdade oficial —, lembrar Sen é um ato de resistência.
Porque não basta permitir que as pessoas votem: é preciso garantir que possam viver, criticar, circular, migrar — e serem ouvidas.
E quando o discurso se torna cego à realidade, as pessoas falam com os pés.
A Paraíba, ao que parece, escutou. Os gigantes, não.

P.S. Com Isenção -
A propósito, não sou paraibano, não moro na Paraíba e não trabalho na Paraíba.
Também não sou torcedor fanático nem militante de ocasião.
É justamente por isso que me permito afirmar, com alguma isenção:
A Paraíba está vencendo.
E talvez, a pergunta mais honesta que o Nordeste deva se fazer agora seja:
“Quais as lições que devemos aprender com os paraibanos?”

*Emanuel Silva é professor e cronista.

NR - Os textos assinados expressam a opinião dos seus autores.

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