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Pablo Picasso e o Grito Universal de Guernica

02/07/2025 -

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Por Antônio Campos



Pablo Picasso foi mais do que um gênio das artes plásticas. Foi um espírito inquieto que, ao longo de sua longa trajetória, reconfigurou os contornos da arte moderna e desafiou as fronteiras entre forma, cor, emoção e pensamento. Nascido em Málaga, na Espanha, em 1881, e falecido na França, em 1973, Picasso viveu intensamente as convulsões do século XX — guerras, ditaduras, exílios e revoluções — e canalizou tudo isso em sua arte, sempre provocativa, inovadora e profundamente humana.

Reconhecido

Picasso é reconhecido como o maior artista do século XX não apenas por sua técnica, mas por sua capacidade de transformar a arte em linguagem universal. Criador do cubismo, ao lado de Georges Braque, rompeu com os padrões tradicionais da representação visual e abriu novas possibilidades para a expressão artística. Em toda a sua obra, demonstrou uma inquietude constante, reinventando-se em múltiplos períodos e estilos — do Período Azul ao Rosa, do Cubismo Analítico à abstração livre e vigorosa do fim da vida.

Obras

Mas entre tantas obras-primas, há uma que se impõe como monumento moral e político da arte moderna: Guernica (1937). Criada a pedido do governo republicano espanhol, para o Pavilhão da Espanha na Exposição Internacional de Paris, a obra foi uma resposta imediata e dilacerante ao bombardeio da cidade basca de Guernica pela aviação nazista, a serviço do ditador Francisco Franco. Pintada em preto, branco e cinza, a obra não tem cor porque é pura dor. Em seu centro, uma mãe grita com o filho morto nos braços. Um cavalo agoniza. Um touro, símbolo da Espanha, encara o caos. Fragmentos de corpos, expressões de espanto e sofrimento se espalham numa composição vertiginosa.

Grito de horror

Guernica é um grito de horror. Mas também é um brado pela paz. Picasso disse certa vez, quando lhe perguntaram o que a pintura significava: “Esta pintura não é feita para decorar salas. É um instrumento de guerra contra a brutalidade e a escuridão.” Ao criar Guernica, ele mostrou que a arte tem uma função ética e política: testemunhar, denunciar e resistir.

A criação

Hoje, quase noventa anos depois de sua criação, Guernica continua atual. Vivemos um mundo marcado por guerras na Ucrânia, na Faixa de Gaza, em regiões da África, em conflitos silenciados da América Latina. Populações inteiras são bombardeadas, perseguidas, deslocadas. Crianças morrem nos braços de suas mães. A imagem trágica que Picasso eternizou em 1937 se repete, com outras cores, mas a mesma dor. A arte de Picasso, portanto, não pertence apenas ao século passado. Ela fala diretamente ao presente.

Banalização

Em um tempo de banalização da violência e desumanização do outro, Guernica nos interpela. É um espelho da barbárie e um clamor por humanidade. Sua força reside não só na forma, mas na mensagem: a paz não é uma abstração, é uma urgência.

Genialidade

Pablo Picasso, com sua genialidade provocadora, nos legou mais do que uma obra-prima. Nos legou consciência. E é por isso que, mais do que nunca, devemos olhar para Guernica. E escutá-la.
01/07/2025.

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Antônio Campos é Advogado e escritor

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