
O papel do Brasil e do Brics na geopolítica. Por Virginia Pignot*
03/07/2025 -
O Soft Power de Lula. ONU, FMI, Banco Mundial: dos acordos de 1944 aos impasses de 2024.
O Presidente Lula tem sido prestigiado mundo afora. Seu falar franco e não agressivo de um “camarada” tem a autoridade e o torna de certa forma, um representante do poder moderador mundial. Ele foi convidado para falar na abertura do Conselho Econômico e Social da 79° Assembléia Geral da ONU em Nova Yorque em setembro de 2024.
Defendeu
O presidente defendeu reformas nos órgãos criados pelos acordos de Bretton Woods, no fim da Segunda Guerra Mundial. Depois da segunda guerra mundial o FMI e o Banco Mundial foram criados para ajudar a reconstrução dos países devastados. Os acordos definiram que as moedas dos países seriam atreladas ao dólar. Os EUA foi o principal pais beneficiado.
Vanguarda do BRICS
“O sul global não está representado de forma condizente com seu atual peso politico e econômico nestes órgãos”, disse Lula no seu discurso na ONU.
O crédito proibitivo proposto pelo FMI, pelo Banco Mundial aos países de renda média ou baixa limita o projeto de desenvolvimento destes países. Sua fala é apoiada por economistas e historiadores que consideram o balanço da atuação geopolítica destes órgãos globalmente negativo. Neste contexto, o grupo do BRICS e o seu Banco, o “Novo Banco de Desenvolvimento”, criado em 2014, que tem sua sede em Xangai, na China, são uma iniciativa de vanguarda para impulsionar o crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável entre os países emergentes.
Nova governança global
O BRICS foi criado em 2009 para promover uma parceria entre as cinco maiores economias emergentes do mundo: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. No Brasil, o acordo foi firmado pela então presidente Dilma Roussef. Em Janeiro de 2024, vieram se juntar a Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.
Assumiu
Neste ano de 2025 Dilma Roussef assumiu a presidência brasileira do Banco dos BRICS, com o lema central: “Fortalecendo a cooperação do Sul Global para uma governança mais inclusiva e sustentável.” Com a política para aumentar a captação de recursos e empréstimos em moeda local, o banco arrecadou, por ex., 700 milhões de R. em lances de um leilão de títulos, em agosto de 2023...
Protagonismo Brasileiro
O Brasil é a maior economia da América Latina, e a quinta maior do mundo; é um mercado importante para outros países do bloco, especialmente para a China. Na cúpula do BRICS na África do Sul em agosto 23, Lula discursava que esperava uma postura mais generosa e eficaz do Banco do BRICS: “Um banco existe para ajudar a salvar o pais, e não para afundá-lo como tantas vezes o FMI faz.” Ele defendeu a entrada de novos membros e a ampliação do BRICS como uma força política Internacional, o que ocorreu no ano seguinte, em janeiro de 24.
Assinaram
O Brasil e a China assinaram um acordo para promover o Fundo China-Brasil de cooperação em investimentos; uma ferrovia está sendo construída para ligar a costa atlântica do Brasil com a costa do Pacifico no Peru. Como diz o professor e economista L.Gonzaga Belluzzo, “a economia é internacional, uma relação entre Nações”.
A presidência
A presidência brasileira do Banco do BRICS, e o “desespero do afogado” de Trump
A presidência brasileira do Banco do BRICS em 2025 reforça o uso de moeda local no grupo, se comprometendo a desenvolver uma plataforma que permita aos países-membros usarem suas próprias moedas para o comércio entre elas. Esta iniciativa poderia abrir o caminho para a substituição parcial do dólar como moeda do comércio internacional.
Taxar
Trump ameaça taxar a 100% as importações dos países que substituam o dólar. O empreendedor e professor brasileiro José Kobori faz uma crítica bem-humorada à reação agressiva de D. Trump ao BRICS. “Agora teremos o FMI e o NBD do BRICS, com grande impacto na economia mundial.
Esperneando
Os EUA estão esperneando, não querem perder o monopólio, diz Kobori. Eles, que sempre defenderam o Mercado Livre, mostram que só gostam deste se for para os outros. Segundo o economista L.Gonzaga Belluzzo, as medidas de Trump revelam o “desespero do afogado”, fazendo referência ao declínio da economia americana, que as ações desencontradas de Trump poderiam acelerar.
*Virgínia Pignot é médica e articulista. Mora na França desde os anos 1980.
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