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Megalomania Pernambucana Parte 2 - O buraco no mar e o mistério das dez letras

05/07/2025 -

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Por Zé da Flauta*

Pernambuco, meu caro, não é só um estado, é uma palavra escolhida a dedo pelos deuses do som e do sentido. Os índios, com sua sabedoria que vinha das árvores e do vento, não deixaram nada ao acaso. Dizem que reuniram-se em torno de uma fogueira e, como quem joga búzios de letras, compuseram uma palavra com dez sons únicos, sem repetição, como se cada letra fosse um guerreiro distinto, com missão própria. Um nome que não gagueja, que não volta atrás, que avança como onda batendo no arrecife. Pernambuco é mantra, é martelo, é mar furado.

Único

E esse mar furado não era metáfora não, era literal. Um buraco no oceano, uma fúria do Atlântico cuspindo espuma nas pedras, um trovão líquido debaixo do céu tropical. Ali, diante daquele espetáculo, os indígenas ouviram o som do mundo nascendo de novo. Paranã-puka, diziam eles. Buraco do mar. E os portugueses, como sempre, entenderam errado, mastigaram a língua alheia até cuspirem Pernambuco. Mas o nome ficou e resistiu, como tudo que é forte e sem repetição: nome único, feito gente que não cabe em fórmula.

Respeito

Pernambuco é onde o mar tem raiva e a terra tem memória. Onde o frevo pisa com sapato de vento, o maracatu sacode os espíritos e a história não se deita em berço esplêndido. É um nome que carrega o peso da rebelião, da poesia e da pólvora. Um nome que canta, espeta, dança e protesta. E veja só, nenhuma letra repetida, como quem avisa que aqui não tem espaço pra cópia nem covardia. Cada sílaba é um passo à frente, uma imposição de respeito.

Sem clones

Então, da próxima vez que você disser "Pernambuco", preste atenção no que está soltando pela boca. É feitiço e filosofia, é código é luta. É a prova de que até as palavras podem ser construídas como fortalezas, sem rachaduras, sem clones. Os indígenas sabiam o que faziam. Nomearam não só a terra, mas o espírito dela. E que outro lugar no mundo se orgulha de ser um anagrama impossível? Nenhuma letra se repete, porque aqui ninguém aceita ser repetido.

Até a próxima!

*Zé da Flauta é músico, compositor, escritor, filósofo e um dos maiores intérpretes da raiz profunda da pernambucanidade.

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