"Infernos Humanos". Entrei para visitar Auschwitz - Por Jarbas Beltrão*
09/10/2025
'Auschwitz/Birkenau'
Entrei para visitar Auschwitz - Polônia, no dia 16 de setembro de 2025. Campo de Extermínio de Auschwitz, esse inferno é encontrado à alguns quilometros de distância de Varsóvia - Capital do país. Junto com Birkenau formam o "condomínio da morte". Fica numa região rural de Varsóvia. O propósito da distância tinha por finalidade esconder o que se passava naquele inferno. Sugiro para quem esteja lendo este texto; assistam dois filmes sobre este condomínio: "Zona de Interesse" e "A Conferência". Encontra-se na plataforma Netflix. A abordagem dos filmes é sobre a indiferença humana diante do sofrimento do próximo.
'Morte em massa'
Auschwitz, é o maior dos campos daquele "complexo do inferno". Nos impressiona, o material em exposição extraídos das vitimas. Lá foi a culminância do terror acionado pela bestialidade humana, levada a cabo pela ideologia nazista. Ali, se praticou, as regras do "juizo final", planejado pelo regime do inferno. Para se livrar de tantos corpos e deixar prá trás o modo "artesanal" de executar os considerados inimigos do regime alemão, Auschwitz foi "solução". A partir de então seria abandonado o "modus operandis artesanal" e o mesmo substituído pela morte em massa.
Auschwitz, sim, foi a saída encontrada para os comandantes do inferno nazista de como se livrarem dos incômodos cadáveres amontoados e que eram posteriormente jogados em valas comuns, valas antes abertas pelas vítimas.
Com Auschwitz, abandonar-se-ia a execução à morte por um tiro na nuca. A bala da arma que atirava na nuca, era, além de custosa, gerava efeitos, na maioria dos casos, de distúrbios psicológicos sobre os algozes, um processo de depressão incontrolável, que eram tomados por estados de alucinação.
Auschwitz, com aqueles galpões infernais, testemunhou a morte de cerca de 1,5 milhão de pessoas (judeus, várias nacionalidades homossexuais e outros). Todos mortos por efeito letal do gás do cianeto lançados através dos chuveiros instalados nos galpões coletivos.

Após a morte por asfixia, envenamento respiratório, os corpos passaram ser jogados em fornos incineradores e tornaram-se o alimento das fumaças das chaminés daquele paraíso satânico.
Aquele inferno foi muito mais que o nazismo em ação, era a representação do que ódio é capaz de realizar através do acionamento do gatilho da bestialidade humana e o aviso onde a alucinação ideológica pode chegar.
'Ódio antigo'
Auschwitz - Birkenau é um complexo produzido por uma ideologia de preconceitos e ódios, que foi se formando à partir de tempos longínquos da História do velho mundo. Nasceu fora desta esfera moderna das ideologias colocadas dentro da matriz de pensamento " esquerda" e " direita", e deste delírio dos dias atuais. O ódio já estava presente nos períodos antes de Cristo. Nas invasões assiírias (Sec. V a.C), na dominação Romana, século I da era Cristã). Nas duas invasões foram destruídos o símbolo maior do povo judeu, o I° e II° Templos de Jerusalém.
Auschwitz é aonde deságua o mal, a desinformação, a prepotência. Como uma bola de neve chega na loucura nazista da "solução final" (extermínio dos judeus) na primeira metade do século passado, em comunhão com propósitos de resgate de um Império que viria com o III° Reich.
'Ódio antigo e crescente'
Pois é, o ódio ao povo judeu vem dos tempos antigos e foi sendo alimentado e somado a tantos outros ódios, de caráter religioso, nacional, étnico.
Antes do genocídio judeu promovido pelos nazistas, a sociedade européia já convivia com esse mal.
Circunstâncias históricas assistiram o crescimento desse delírio, não parou e ainda está bem vivo. O estudo da História nos permite identificar equívocos históricos, que culminaram naquelas bestialidades .
Esse ódio, originado, como já dito, em períodos históricos, bem distantes de nossos dias contemporâneos, hoje tenta-se enquadrar em versões atualizadas. É componente de uma luta ideológica que agora costuma-se separar em grupos ideológicos distintos e racionalmente incompreensiveis - "esquerda" e "direita", categorias do debate contemporâneo, mas que passa a ser balizamento para posicionamentos atuais.
'A barbárie se repete'
No dia 7 de outubro de 2023, para desespero dos que acham, que essas memórias de brutalidade devem ser mantidas, para não mais se repetir, aconteceu mais uma vez, repetido e continuará se repetindo.
O grupo terrorista "palestino" - Hamas - movido por seu ódio selvagem invadiu um festival de músicas em Israel. Realizou uma obra digna de Satã. Mais de 1.200 pessoas, com inclusão de mulheres, crianças, idosos, foram levados a mortes brutais, cenas indescritíveis e 200 outras foram feitas reféns, muitas permanecem até hoje. Tudo em nome de um fictício Estado "Palestino". Estado que, para os que acreditam nele, se negam a discutí-lo historicamente. O crime dos terroristas é considerado o maior após o "holocausto" da 2a. GM.
O crime foi "homenageado" por um Sindicato dé Professores em São Paulo e, também, reverenciando o grupo criminoso - o Hamas?- O que esses professores devem fazer em sala de aula? E com seus filhos?
'Equívocos e desinformação'
Equivocos permanecem presentes em interpretações com base, claro, na desinformação. Como exemplo, cito, meu testemunho da minha visita naquele inferno; postei imagens no FB, da minha presença em Auschwitz, algumas reações ocorreram, nem tantas. Vejam esse "primor" de avaliação, de uma pessoa dona de uma cultura superior acadêmica, diante da reação só me resta rogar a Deus, "misericórdia". Escreveu o seguidor do FB: "Para que não esqueçamos o que representa a extrema direita". Coloca-se de lado o sofrimento humano e o substitui para uma falsa luta ideológica, "esquerda" e "direita".
'Outros infernos'
Mas, já que o seguidor trouxe para esse falso debate atual, no tocante ao sofrer humano aprisionado por regimes autoritários, registro a seguinte lembrança: e o que aconteceu na URSS com os "gulags"? - campos de prisioneiros, trabalhos forçados e mortes - é um, fenômeno com raízes em uma cultura recente, a luta de classes. Teorização nos tempos da modernidade.

Luta de classes, sempre teria existido, mas sua teorização, com cara de ciência social, surgiu com a revolução industrial, com a teorização de Karl Marx e Frederich Engels, que se apoderaram da antes ingenuidade socialista e colocaram o verniz da violência, com blindagem de ciência.
Com os "gulags", o socialismo/comunismo, arrancou a dignidade de seus prisioneiros. Aqueles "desgraçados" foi o "rebanho humano" onde o regime se utilizava, para recrutar sua força de trabalho (vide os livros: "Gulag" de Anne Appebaum e "Arquipélago Gulag" de Alexander Solzenitzen).
As vítimas dos gulags foram ali colocadas embaixo das acusações de serem os "inimigos do povo", "traidores da Patria", mudou- se apenas o inimigo. Nos campos dis "gulags", como nos de administracao nazista, misturavam- se criminosos comuns e opositores e os vários indesejados dos regimes.
Então, a estupidez humana não cabe nesta moldura estreita "esquerda" e "direita", essas categorias são cegas em relação a régua de moralidade. Embora as ideologias se alimentam, se retroalimentam desses delirios ideológicos
Na China atual há campos de concentração, trabalhos forçados e extração de órgãos. Os "hóspedes" são os indesejados Uigures (descendente árabes islâmicos) e os seguidores espiritualistas das comunidades Falon Dafa/ Falon Gung, repete-se o que se fez em Auschwitz- Birkenau e Kolima (URSS).

A recomendação para que nunca volte a acontecer está bem longe de ser seguida, repete-se por acionamento do gatilho ideológico do fanatismo. Fanatismo acionado pelos que tem o controle do Estado ouvos que lideram grupos da sociedade.
Tenho dito.
*Jarbas Beltrão é Historiador, professor de História da UPE. Mestre em Educação pela UFPB, MBA em Política, Estratégia, Defesa e Segurança pela Adesg (Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra) e Faculdade Metropolitana de São Carlos/SP.
NR - Os artigos assinados refletem a opinião dos seus autores.
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O milagre de Abel e a batalha do rebaixamento
07/12/2025
Nunca, jamais em tempo algum a última rodada, com campeão antecipado, vice e terceiro lugar garantidos, promoveu tantas possibilidades e tantas emoções.
Essa fórmula de disputa, antes contestada por muitos, provou mais uma vez que mantém o torcedor sintonizado até o último segundo da prorrogação da partida derradeira.
Resultados emblemáticos: o Vitória derrotou o São Paulo, em casa, e escapou heroicamente. O Santos, consolidou uma ascensão, Neymar garantiu a permanência. Incrivel: ainda ultrapassou o Corinthians, por critérios de deempate. O Vasco levou goleada desmoralizante, mas sobreviveu. Porém, o mais incrível mesmo foi a sobrevivência do Internacional.
Vem, Abel
Abel Braga, um dos maiores técnicos do Brasil em todos os tempos, estava aposentado. E meio enferrujado no uso da palavra. Foi convidado para, em duas partidas restantes, salvar o time afundado no Z4. Aceitou. Tropeçou nas...
Por José Nivaldo Junior*
Nunca, jamais em tempo algum a última rodada, com campeão antecipado, vice e terceiro lugar garantidos, promoveu tantas possibilidades e tantas emoções.
Essa fórmula de disputa, antes contestada por muitos, provou mais uma vez que mantém o torcedor sintonizado até o último segundo da prorrogação da partida derradeira.
Resultados emblemáticos: o Vitória derrotou o São Paulo, em casa, e escapou heroicamente. O Santos, consolidou uma ascensão, Neymar garantiu a permanência. Incrivel: ainda ultrapassou o Corinthians, por critérios de deempate. O Vasco levou goleada desmoralizante, mas sobreviveu. Porém, o mais incrível mesmo foi a sobrevivência do Internacional.
Vem, Abel
Abel Braga, um dos maiores técnicos do Brasil em todos os tempos, estava aposentado. E meio enferrujado no uso da palavra. Foi convidado para, em duas partidas restantes, salvar o time afundado no Z4. Aceitou. Tropeçou nas declarações, mas transmitiu o que queria. No primeiro jogo, em cima da hora,nada aconteceu. Hoje, o time disse para que Abel veio. Jogou bola como time grande que é. Venceu o bem estruturado Bragantino por 3x1 e se garantiu na primeirona.
Abel
Quando assumiu, há poucos dias, disse que aceitava para cumprir uma missão com o time com o time que mais se identificou na carreira. Em 2006, conquistou o título mundial de clubes, após derrotar o Barcelona na final, por 1 a 0, com gol de Adriano Gabiru. E muitos outros títulos Abelão acumulou no Inter. Esse, de hoje, não é título mas vale por muitos. Um rebaixamento não é brincadeira.
História
Aí permitam-me os leitores um depoimento pessoal. Conheci Abel Braga nos primeiros meses de 1987. Zé Neves, o presidente arretado do Santa Cruz, trouxe Abel do Vitória da Bahia e me apresentou, no bar aberto de um hotel, que na época funcionava na avenida Boa Viagem. O Santa estava passando um momento difícil. Paulinho de Almeida, técnico renomado e complicado, fora contratado para nos levar ao bicampeonato. Com aproximadamente três meses jogou a toalha e nos deixou na mão. Zé Neves descobriu Abel, não sei como. Talvez farejando no ar. A gente não tinha mais dinheiro para contratar estrelas. Ousar era o único caminho.
A conversa
Trocamos ideias. Abel, zagueiro viril, "cabra macho", no tempo em que se dizia que futebol era coisa pra homem, vestira a camisa canarinha. Fim de carreira, foi para o Vitória da Bahia, onde acumulou o papel de técnico. Não foi campeão mas fez um bom trabalho. No demorado entendimento, falamos do nosso plantel e ele dos seus planos e métodos. Aprovado. Zé Neves chamou de lado, acertou os detalhes, nos dias seguintes Abel começou o trabalho. De cara, ganhamos o primeiro turno. O Sport, numa jornada de méritos discutíveis, ganhou o segundo. O Santa voltou a ganhar o terceiro turno.
Extra
Pelo regulamento da época, quem ganhava dois turnos disputava uma partida extra na casa do adversario, jogando pelo empate. Em caso de vitoria do adversário, que era o Sport, haveria melhor de três. Pelo segundo ano consecutivo, na Ilha do Retiro, ganhamos a extra e o bicampeonato com folga.
Vitória arrasadora
Foi uma coisa maluca. Os dirigentes de Sport e Náutico eram milionários, empresários de referência no Nordeste e no país. Nós da direção do Santa, éramos os "menudos" como a crônica carinhosamente nos tratava, ou os "lisos malucos", como muitos adversários diziam com desdém.
O certo é que Abel conduziu o time ao titulo. Foi a sua primeira taça. Seguiu carreira mais que vitoriosa, porém sempre teve um carinho especial pelo Santa. O título de 1987 foi o primeiro milagre de Abel. Espero que o deste domingo, 07/12, não seja o último.
Mas
Pode ser. Abel veio, viu, venceu. Tem competência, bom caráter e estrela. Não precisa provar nada a ninguém. Anunciou que vai parar de vez. Porém a magia do futebol pode ser mais forte.
Só uma coisa mais
Obrigado, Abel.
Por ser um vencedor, dentro e fora dos campos.
Um homem que não teme desafios nem se curva às adversidades.
Nosso abraço. Falo também por Zé Neves e Gildo Vilaça (em memória), o trio de ferro do futebol no já distante glorioso 1987.
PS. Falta alguém na foto histórica. Gildo viajou a negócios e não participou.

*José Nivaldo Junior é historiador, acadêmico, publicitário e desportista aposentado.
Nossa Senhora no debate CBN 105,7 amanhã (8)
07/12/2025
Figura central na doutrina cristã, a santa recentemente levou um "chega pra lá" do papa Leão XIV, mas nada abala a fé dos fiéis. Nossa Senhora é suas inúmeras versões. Como surgiu. Como evoluiu. Como se multiplicou.
Participam do debate o capelão da Igreja das Fronteiras, padre Flávio Potiguar; o teólogo Creomedes Maciel; e o historiador, acadêmico da Academia Pernambucana de Letras, José Nivaldo Junior.
Será segunda-feira, 08 de dezembro, a partir das 11 horas.
Na foto
Do debate sobre Deus, na quinta-feira passada, saem Flávio Brayner e Fernandinho Beltrão e entram o padre e o teólogo.
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No dia em que o Recife para com a celebração da santa mais querida da cidade, Nossa Senhora da Conceição, o comunicador Geraldo Freire reúne três especialistas com diferentes visões sobre religião para debater a "mãe de Jesus".
Figura central na doutrina cristã, a santa recentemente levou um "chega pra lá" do papa Leão XIV, mas nada abala a fé dos fiéis. Nossa Senhora é suas inúmeras versões. Como surgiu. Como evoluiu. Como se multiplicou.
Participam do debate o capelão da Igreja das Fronteiras, padre Flávio Potiguar; o teólogo Creomedes Maciel; e o historiador, acadêmico da Academia Pernambucana de Letras, José Nivaldo Junior.
Será segunda-feira, 08 de dezembro, a partir das 11 horas.
Na foto
Do debate sobre Deus, na quinta-feira passada, saem Flávio Brayner e Fernandinho Beltrão e entram o padre e o teólogo.
História real que mais parece roteiro de cinema, por Virginia Pignot*
07/12/2025
A apreensão do celular deste revelou a eventual cumplicidade de Barcellos em atividades ilegais. T.H. Joias é investigado por suspeita de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, além de negociação de armas em relação direta com a facção Comando Vermelho (CV).
Barcellos tinha anunciado anteriormente sua intenção de se candidatar ao governo do Rio em 2026, com apoio de Bolsonaro, que indicaria o cargo de vice-governador. Este sonho foi provavelmente abortado agora.
A serviço do PCC
Em 17 de abril de...
A prisao preventiva, no último dia 3, do deputado estadual Rodrigo Barcellos e seu afastamento da função de presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) parece roteiro de cinema, e mostra a ligação de agentes públicos com o crime organizado. Sua prisão está ligada ao monitoramento e prisão, em setembro deste ano, de outro deputado estadual do Rio de Janeiro, Diego R. dos Santos, também chamado T.H. Joias.
A apreensão do celular deste revelou a eventual cumplicidade de Barcellos em atividades ilegais. T.H. Joias é investigado por suspeita de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, além de negociação de armas em relação direta com a facção Comando Vermelho (CV).
Barcellos tinha anunciado anteriormente sua intenção de se candidatar ao governo do Rio em 2026, com apoio de Bolsonaro, que indicaria o cargo de vice-governador. Este sonho foi provavelmente abortado agora.
A serviço do PCC
Em 17 de abril de 2018 a explosão em um posto de gasolina na zona Leste em São Paulo deixou cinco pessoas feridas. A investigação do caso revelou que o dono do posto já respondia na justiça por falsidade ideológica e fraude em bombas de combustível. Foi assim que Mohamed Hussein Mourad entrou de vez na mira da polícia — que acabou desvendando, mais tarde, um esquema de fraude bilionário na área de combustíveis.
Ele foi um dos alvos da Operação Carbono Oculto deflagrada no dia 28 de agosto passado, que investiga fraudes em combustíveis, lavagem de dinheiro, fraudes tributarias de bilhões e estelionato.
O modo operante
Mourad usava desde usinas de cana até postos de combustível para realizar fraudes fiscais massivas, adulterar combustível, ocultar patrimônio e lavar bilhões de reais. Outro líder do esquema bilionário do PCC investigado por operações fraudulentas é Roberto Augusto Leme da Silva, chamado de Beto Louco. Mourad e ‘Beto Louco’ faziam a gestão das empresas Aster Petróleo e COPAPE.
O esquema
Uma empresa de fachada no Tocantins ‘recebia’ o combustível importado sem recebê-lo, e emitia nota fiscal, pois no Tocantins o imposto é de 1 %. Quando chegava ao porto de Paranaguá, onde o imposto sobre o combustível importado é de 25 %, ele já estava com a nota de IR. paga a 1%, vendia o produto derivado bem mais barato, fazendo concorrência desleal para quem pagava o imposto correto. O grupo COPAPE/Aster Petróleo também teria comprado muitos postos de gasolina independentes, colocando ‘laranjas’ como compradores. Os criminosos ligados ao PCC teriam ameaçado de morte proprietários de postos, se eles não os vendessem.
Conversa entre Lula e Trump
Armas para o crime organizado estavam chegando dos EUA para o Brasil. Na conversa telefônica recente que teve com Trump, Lula o informou sobre as articulações que a operação revelou. Assim, a administração brasileira escaneia a mercadoria declarada para exportação, como é recomendado. Os EUA não o estavam fazendo.
Carregamentos de armas para organizações criminosas estavam chegando dos EUA para o Brasil, que tinham escapado à fiscalização daquele país. Depois dessa conversa e denuncia, um administrador norte-americano veio encontrar com membros do governo brasileiro, entre eles o Ministro F. Haddad, para que solucionem lá o problema de falta de fiscalização da administração americana, que estava contribuindo a armar o crime organizado aqui.
Desdobramentos do combate ao crime financeiro
A prisão de D. Vorcaro e de Augusto Lima, que eram sócios no Banco Master, veio revelar outra trama, ou tramoia, digna de roteiro de cinema. Decisões tomadas pelos governadores de Brasília e do Rio de Janeiro, assim como pelo presidente do Banco de Brasília (BRB) indicado pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos cabeças do Centrão, entram no rolo.
O BRB, de forma ilegal, pegou dados de servidores que são correntistas e autorizou a abertura de contas falsas destes na Genial Investimentos. Sem os servidores saberem. A Genial Investimentos é um dos Fundos de Investimentos investigados na Operação Carbono Oculto, suspeita de lavar dinheiro do crime organizado no Brasil.
Por que razão Claudio Castro, governador do Rio de Janeiro, colocou R$ 1 bilhão do fundo da Previdência dos Servidores do Rio no Banco Master, e por que o governador Ibaneis Rocha teria autorizado a compra do Master, que já estava em maus lençóis, pelo Banco de Brasília? As más linguas dizem que seria para fazer o dinheiro do povo pagar a dívida do Master.
O projeto Derrite
Todos concordamos sobre a importância do combate ao crime organizado. Neste contexto, o projeto de lei da Segurança pública de Derrite/ Tarcisio de Freitas, que retira meios financeiros da PF para as policias estaduais, pode ser uma tentativa de amordaçar e ‘quebrar as pernas’ da Policia Federal.
Vamos esperar que o Senado corrija estes erros, se aproximando da proposta da lei de Segurança Pública do governo, que propõe ação integrada e transnacional, atingindo o núcleo da organização e gestão, financiador do crime organizado.
*Virginia Pignot é psiquiatra, advogada criminalista e articulista brasileira
NR - Os textos assinados expressam a opinião dos seus autores
NR – O título e intertítulos foram modificados à revelia da autora, dentro do padrão editorial de O Poder, sem alterar o conteúdo.
Felipe Luís trouxe lógica, método e estudo para o futebol brasileiro
07/12/2025
Quando eu era moleque, o futebol arte era o que fazia a diferença. O time da Copa de 1970, por exemplo, era uma orquestra que tocava praticamente sozinha, como reconheceu João Saldanha, que treinou e consolidou o elenco depois dirigido por Zagalo.
As Copas de 1974, 1978, 1982 e 1986 seguiram o padrão daquele estilo de jogo lindo de se ver. Os campeonatos de 1994 e 2002 foram o canto do cisne de um tempo em que os Ronaldinhos encantaram os estádios e Roberto Carlos era o terror dos goleiros com seus gols de falta. Que saudades dos gols de falta de Zico, Branco, Rivelino, Sócrates.
Até que o futebol brasileiro começou a descer a ladeira. Foram tempos difíceis. Aliás, ainda vivemos um pouco estes tempos. Hoje temos de engolir um técnico italiano, em fim de carreira, treinando uma seleção brasileira que perdeu o encanto. Faz tempo que o Brasil precisa de uma novidade. A última delas apareceu há 67 anos, quando o...
Por Marcelo S. Tognozzi*
Quando eu era moleque, o futebol arte era o que fazia a diferença. O time da Copa de 1970, por exemplo, era uma orquestra que tocava praticamente sozinha, como reconheceu João Saldanha, que treinou e consolidou o elenco depois dirigido por Zagalo.
As Copas de 1974, 1978, 1982 e 1986 seguiram o padrão daquele estilo de jogo lindo de se ver. Os campeonatos de 1994 e 2002 foram o canto do cisne de um tempo em que os Ronaldinhos encantaram os estádios e Roberto Carlos era o terror dos goleiros com seus gols de falta. Que saudades dos gols de falta de Zico, Branco, Rivelino, Sócrates.
Até que o futebol brasileiro começou a descer a ladeira. Foram tempos difíceis. Aliás, ainda vivemos um pouco estes tempos. Hoje temos de engolir um técnico italiano, em fim de carreira, treinando uma seleção brasileira que perdeu o encanto. Faz tempo que o Brasil precisa de uma novidade. A última delas apareceu há 67 anos, quando o adolescente Edson Arantes do Nascimento botou os gringos para dançar na Copa da Suécia.
Autoestima resgatada
Esta semana, quando o Flamengo se sagrou campeão da Libertadores e Campeão Brasileira, com uma diferença de apenas 4 dias, tive a nítida sensação de que nossa autoestima estava sendo resgatada, não pelos craques rubro negros, mas pela figura discreta e extremamente competente do treinador Filipe Luís Kasmirski, 40 anos, catarinense de Jaraguá do Sul, signo de Leão.
Ele é a grande novidade do futebol brasileiro. A responsabilidade é grande. Chegou pelo mérito, é discreto, não pinta cabelo e nem se cobre de adereços e rabiscos. Se impõe pelo que sabe. E ele sabe muito. Me lembro da bronca que ele deu no Gabi Gol no campeonato do ano passado, mostrando quem é que manda. No time de Filipe não tem espaço para amadorismo. Não basta ser craque, tem de participar.
O técnico do Flamengo faz parte de uma geração de brasileiros que acredita no mérito, no trabalho e no resultado. Sua ascensão não é fruto de marketing, euforia de torcida ou badalação digital: é resultado de método, estudo e uma vida inteira dedicada a compreender o futebol como estrutura, linguagem e ciência. Para os que teimam em dizer que ele é tático; eu digo que ele é estratégico.
Diferença entre tática e estratégia
A maioria não sabe que Filipe conhece bem a diferença entre uma coisa e outra: estratégia é o caminho e tática é o passo. Por isso, erra quem pensa em Filipe Luís como um tático. Ele é essencialmente estratégico e mostrou isso nos 5 títulos que conquistou comandando o Flamengo.
Em Jaraguá do Sul, ainda menino, já mostrava este talento observando o futebol com distância analítica, quase como se estivesse de fora do campo. Baita nerd. Desenhava setas, mapas e posicionamentos. Seja por formação familiar ou vocação, ele sempre foi menos drible e mais conhecimento.
Quando chegou ao Ajax, ainda adolescente, encontrou um ambiente que valorizava exatamente isso: a razão como método. Aprendeu estratégia na prática. Depois, na Espanha, amadureceu no Deportivo La Coruña e viveu seu auge no Atlético de Madrid, onde Diego Simeone o transformou numa espécie de engenheiro defensivo, responsável não apenas por cumprir sua função, mas por compreender a engrenagem inteira.
Arte de gerir crises e egos
Com José Mourinho no Chelsea, absorveu o que faltava: a arte de gerir emoções, crises e egos. Com a seleção brasileira, confirmou sua vocação para interpretar o jogo com amplitude tática e frieza emocional.
Quando retornou ao Flamengo, em 2019, já não era apenas um jogador de elite, mas uma mente preparada para exercer o talento de general de campo. Ao voltar para o futebol brasileiro, se deu conta da crise e da nossa perda de cérebros. Quem viveu a era Cláudio Coutinho sabe do que estou falando.
Os estrangeiros chegaram com tudo, Sampaoli, Abel Ferreira, Jorge Jesus e por aí vai. Jorge Jesus desmontou paradigmas em meses. Abel Ferreira, outro grande estrategista, impôs seu talento. Filipe, ao contrário de rejeitar essa invasão estrangeira, a estudou. Participava de reuniões táticas, corrigia posicionamentos, explicava aos mais jovens princípios. Enquanto isso os brasileiros da velha guarda seguiam na base do improviso, como Tite, Dorival Junior, Luxemburgo, Cuca e por aí vai.
Usina de craques
Filipe Luís transformou a base do Flamengo numa usina de craques quando sentou praça no sub 17. Fez dali seu laboratório, botando em prática as anotações dos seus intermináveis cadernos. Levou para aquela meninada um repertório técnico que grande parte do futebol brasileiro simplesmente ignorava. Em pouco tempo, começamos a perceber que algo diferente estava acontecendo: o Brasil tinha, enfim, um treinador capaz de competir intelectualmente com europeus.
Ele fez cursos, ralou, conquistou certificação da CBF e na UEFA, e não se contentou. Seguiu estudando, analisando, deduzindo. Soube misturar a ginga do futebol brasileiro com o lado racional e metódico dos europeus. E fez tudo isso com suavidade, disciplina, intuição e criatividade. Zero mediocridade. Coisas que até pouco tempo pareciam perdidas. Vamos lembrar do Brasil jogando bola há 5, 10 anos atrás.
Realidade do brasileiro
É um prazer ver o time de Filipe Luís jogar. Ao contrário da rigidez estrangeira, propõe um sistema que permite a liberdade dentro da ordem. Ele não tenta copiar Guardiola, Simeone, Bielsa ou Mourinho. Ele entender a lógica que sustenta todos esses modelos e traduz para a realidade do jogador brasileiro.
Temos um novo padrão na praça. Assim como Zagalo, Telê Santana, Claúdio Coutinho, Carlos Alberto Parreira ou Felipão ele está surgindo com toda a originalidade de quem inaugura uma era. Sua trajetória une estudo, humildade e profundidade, 3 virtudes que andavam esquecidas. O maestro Filipe foi abençoado pelo destino quando voltou da Europa: veio, viu e venceu.
*Marcelo S. Tognozzi é jornalista e consultor. Uma das principais referências da imprensa brasileira contemporânea.
NR - Autorizada a postagem do artigo, originalmente publicado no Poder 360. O título foi mudado e os intertítulos inseridos à revelia do autor.
Lançamento da revista Terroir Nordeste celebra gastronomia regional
07/12/2025
Referência nacional e internacional, Onildo é reconhecido por reposicionar a culinária nordestina no mapa da alta gastronomia. Ele apresenta no evento o prato que assina para a edição inaugural da revista: caju confitado no tucupi preto, castanhas e ovas de truta — uma criação que condensa, em poucos elementos, sua filosofia culinária.
Conforme explica, o caju é fruto emblemático da região; o tucupi preto, técnica ancestral reinterpretada; as castanhas, elo cultural profundamente nordestino; e as ovas, um ponto de contempora...
Recife será palco, na próxima terça-feira (09/12), de encontro que marca um momento importante da gastronomia brasileira contemporânea. A partir das 18h30, o jardim do Museu do Estado de Pernambuco (MEPE) recebe o evento de lançamento da Revista Terroir Nordeste, tendo como destaque da noite o chef paraibano Onildo Rocha — um dos nomes mais influentes do país quando o assunto é cozinha autoral e identidade territorial.
Referência nacional e internacional, Onildo é reconhecido por reposicionar a culinária nordestina no mapa da alta gastronomia. Ele apresenta no evento o prato que assina para a edição inaugural da revista: caju confitado no tucupi preto, castanhas e ovas de truta — uma criação que condensa, em poucos elementos, sua filosofia culinária.

Conforme explica, o caju é fruto emblemático da região; o tucupi preto, técnica ancestral reinterpretada; as castanhas, elo cultural profundamente nordestino; e as ovas, um ponto de contemporaneidade e sofisticação. A combinação funciona como manifesto: tradição, território e modernidade em equilíbrio.
Valorização de ingredientes locais
Durante o coquetel, será servido um menu assinado pelo Buffet Fiordes, reforçando o propósito da revista de valorizar ingredientes locais, técnicas regionais e toda a cadeia produtiva envolvida. A harmonização segue a proposta apresentada nas páginas da publicação, com rótulos nordestinos — entre eles, o Sauvignon Blanc da UVVA, da Chapada Diamantina (BA), escolhido pelo próprio chef por sua mineralidade e frescor.

A presença de Onildo no lançamento é simbólica para o momento vivido pelo Nordeste. Discípulo de Laurent Suaudeau, o paraibano construiu carreira marcada por pesquisa, rigor técnico e sensibilidade. Hoje lidera o Grupo Roccia, com restaurantes premiados no país, e comanda o Priceless, em São Paulo, reconhecido em rankings nacionais e internacionais como referência da culinária brasileira contemporânea.
Trajetória do Chef
Em sua trajetória, ele acumula reconhecimentos como Chef do Ano pela Veja SP (2022), Melhor restaurante brasileiro pela Veja SP (2022), presença no Guia Michelin, além de menções em publicações como Identità Golose, VIP e Prazeres da Mesa. Também integra o comitê do prestigiado Bocuse d’Or Brasil, importante termômetro da gastronomia mundial.

A Revista Terroir Nordeste nasce com a missão de documentar e conectar gastronomia, vinhos, produtores e cultura do território nordestino, com reportagens, análises e perfis que revelam o novo ciclo de excelência da região. Sua primeira edição também homenageia outros nomes e atores fundamentais do ecossistema produtivo nordestino.
Serviço — Lançamento da Revista Terroir Nordeste
Local: Jardim do Museu do Estado de Pernambuco (MEPE)
Endereço: Av. Rui Barbosa, 960 – Graças, Recife–PE
Data: 09 de dezembro de 2025
Horário: 18h30
Convidados: Autoridades, empresários, produtores, chefs, sommeliers, anunciantes, imprensa e representantes do turismo e da enogastronomia regional

2,5 milhões de pessoas são esperadas no Morro da Conceição, neste domingo (7) e segunda-feira (8)
06/12/2025
A expectativa é de que, a exemplo de anos anteriores, durante todo o fim de semana e a próxima segunda-feira (08/12), as pessoas se desloquem até o local onde está instalada a estátua gigante da santa e o santuário para fazer reverências, pagar promessas, acompanhar as missas celebradas e acender velas — tanto para pedir como agradecer pelas bênçãos recebidas.
Reforço de segurança
Este ano, conforme informações da Prefeitura do Recife, foi montado um grande esquema de segurança com reforço de policiais militares. Helicópteros e...
Recifenses e pernambucanos saídos de vários municípios do Estado já ampliam o número de devotos que homenageiam Nossa Senhora da Conceição, cuja estátua gigante está localizada na região norte do Recife. A previsão é de que, este ano, cerca de 2,5 milhões de fiéis subam as ladeiras do Morro da Conceição para homenagear a santa, padroeira afetiva do Recife, que tem como dia oficial 8 de dezembro.
A expectativa é de que, a exemplo de anos anteriores, durante todo o fim de semana e a próxima segunda-feira (08/12), as pessoas se desloquem até o local onde está instalada a estátua gigante da santa e o santuário para fazer reverências, pagar promessas, acompanhar as missas celebradas e acender velas — tanto para pedir como agradecer pelas bênçãos recebidas.

Reforço de segurança
Este ano, conforme informações da Prefeitura do Recife, foi montado um grande esquema de segurança com reforço de policiais militares. Helicópteros estão sobrevoando a área e operações especiais de transportes urbanos estão em prática para facilitar a mobilidade das pessoas. Também foram programados bloqueios de ruas para veículos e montadas tendas com profissionais de saúde pública para atendimento a quem precisar.
A abertura da Festa de Nossa Senhora da Conceição, que neste ano tem sua 121ª edição, teve início no dia 28 de novembro, com a Procissão da Bandeira, que saiu do Parque da Macaxeira, na Zona Norte do Recife.
O aumento da movimentação no Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife, ao longo da semana, e a renovação das pinturas azuis das casas durante esse período já confirmam a relevância da festa, que dura 11 dias e só se encerra após o dia oficial da santa.

Imagem e santuário restaurados
Segundo o reitor e pároco do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, padre Emerson Borges, tudo foi organizado da melhora forma: organização interna do santuário, palco externo (onde estão sendo celebradas algumas das missas) e demais ajustes. “Estamos prontos para receber bem os fiéis”, afirmou, referindo-se aos três dias principais da festa.
Um dos destaques da edição deste ano é que será a primeira após a reabertura do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, destruído com o desabamento do teto em agosto do ano passado (num acidente que deixou duas pessoas mortas e mais de 20 feridas), e do restauro da imagem da Imaculada Conceição do Morro.
“A festa deste ano tem um marco muito importante, que é a reconstrução do Santuário e o restauro do monumento da imagem de Nossa Senhora da Conceição. Então, celebrar essa festa com tudo pronto, tudo devolvido aos devotos traz um sabor de gratidão para todos que vivenciamos o Morro da Conceição”, destacou o padre Emerson.

Celebração de Jubileu
Com o tema “Com o olhar voltado à Imaculada, reacendemos a chama da esperança”, a celebração acompanha o Jubileu da Esperança, vivido pela Igreja Católica até 2026.
Além do caráter religioso, a popular Festa do Morro também movimenta a economia local, com venda de artigos religiosos, comidas e produtos diversos no entorno do percurso feito pelos devotos.
Programação montada
A programação montada para o fim de semana prevê, para este sábado (06/12) e amanhã (domingo, 07/12) missas extras celebradas no palco externo nos horários das 8h, 10h e 15h
Na segunda-feira, que é o dia da santa, serão realizadas missas no palco em frente ao santuário a partir da meia noite. Os horários programados são os seguintes: no palco em frente ao Santuário: 0h / 2h / 4h / 6h / 8h / 10h / 12h /14h. Missas a serem realizadas dentro do santuário. Nos horários 1h / 3h / 5h / 7h / 9h / 11h / 13h / 15h. O período de confissões foi estabelecido das 7h30 às 12h da segunda.
Já a procissão de encerramento, terá concentração iniciada às 14h no estacionamento da Prefeitura do Recife e saída às 15h, seguindo o seguinte percurso: Cais do Apolo / Ponte do Limoeiro / Avenida Norte Miguel Arraes / Estrada do Morro da Conceição / Praça da Conceição.
Recife: A cidade que tem duas santas padroeiras, sem rivalidades, com muito amor e devoção
06/12/2025
O Recife tem duas padroeiras, sem desavenças, com ampla devoção da população a ambas e muito bem definidas. A primeira é Nossa Senhora do Carmo, celebrada no dia 16 de julho e assim considerada, por raízes históricas ligadas à Ordem dos Carmelitas e à Basílica do Carmo, no centro da cidade, desde os tempos do Império. A segunda, que passou a ser considerada padroeira afetiva, é Nossa Senhora da Conceição, homenageada todo dia 8 de dezembro.
As duas, porém, se transformaram em santas oficiais do Recife, uma vez que as datas definidas para cada uma são consideradas, há décadas, feriado municipal.
Como possui uma imagem de mais de três metros de altura no Morro da Conceição, zona norte da cidade, e sempre foi muito cultuada pela comunidade, a devoção a Nossa Senhora da Conceição teve um crescimento ampliado ao longo dos últimos 80 anos, motivo pelo qual passou a ser também padroeira da capital pernambucana.
Hylda Cavalcanti*
O Recife tem duas padroeiras, sem desavenças, com ampla devoção da população a ambas e muito bem definidas. A primeira é Nossa Senhora do Carmo, celebrada no dia 16 de julho e assim considerada, por raízes históricas ligadas à Ordem dos Carmelitas e à Basílica do Carmo, no centro da cidade, desde os tempos do Império. A segunda, que passou a ser considerada padroeira afetiva, é Nossa Senhora da Conceição, homenageada todo dia 8 de dezembro.
As duas, porém, se transformaram em santas oficiais do Recife, uma vez que as datas definidas para cada uma são consideradas, há décadas, feriado municipal.
Como possui uma imagem de mais de três metros de altura no Morro da Conceição, zona norte da cidade, e sempre foi muito cultuada pela comunidade, a devoção a Nossa Senhora da Conceição teve um crescimento ampliado ao longo dos últimos 80 anos, motivo pelo qual passou a ser também padroeira da capital pernambucana.
Marinheiro ou proclamação de dogma?
A estátua com a imagem da santa, aliás, possui uma história cheia de lendas urbanas e curiosidades. A imagem de Nossa Senhora da Conceição chegou ao Recife num navio e foi instalada no local onde se encontra em 1904. Segundo historiadores, foi encomendada na França e montada no topo do morro para celebrar os 50 anos da proclamação do dogma da Imaculada Conceição.
O local, que antes era conhecido como Alto do Oiteiros ou Alto Bela Vista, passou a ser definitivamente chamado Morro da Conceição a partir da colocação da estátua, tornando-se um ponto de grande peregrinação e devoção na cidade.
Mas muita gente até hoje, sobretudo os mais velhos, contam uma versão que amplia a história. Relatam que a imagem teria sido encomendada por um marinheiro português, como parte de uma promessa.
Pagamento de promessa
Ele estava servindo no Recife pela Coroa portuguesa. Numa tarde em que resolveu nadar, foi levado por uma correnteza. No momento de maior perigo, pediu a ajuda da santa para salvar sua vida. E, como agradecimento, anos depois usou o dinheiro do patrimônio acumulado ao longo da vida para encomendar a imagem.
O que se sabe de concreto é que a imagem e outras peças de ferro que compõem o monumento chegaram pelo Porto do Recife e foram transportadas para o alto do morro numa grande operação que praticamente parou a cidade ao longo do trajeto.
Capela virou santuário
No mesmo local onde está até hoje e ao lado de onde foi fundado depois o santuário (no mesmo ano de sua chegada, onde já existia uma pequena capela desde 1590).
A imagem e o santuário passam por restaurações periódicas, tendo a mais recente sido concluída em setembro passado, após danos causados por um desabamento em 2024.
Mas uma coisa é certa: recifense que é católico pelo menos uma vez por ano tem por hábito subir o morro.
Para agradecer, para pedir, para reverenciar a santa, para rever o lugar — que apesar da selva de edifícios dos demais bairros, do alto do morro ainda propicia uma vista ampla de toda a cidade. E remete às raízes populares de todos os pernambucanos.
*Hylda Cavalcanti é pernambucana e mora hoje em Brasília, mas sempre que pode, sobe o Morro da Conceição nesta data.

As aventuras de Cacimba 17 — O trem que anda sem trilho
06/12/2025
Era véspera de São Raimundo das Dores Silenciosas quando Cacimba chegou à cidade de Ventos Velhos, trazendo nas costas uma locomotiva de papel machê, feita com jornal do mês seguinte e tinta de sonho seco.
Montou o trenzinho no meio da praça. Pintado de dourado, azul e vermelho, tinha janelas falsas, apito de barro e um letreiro que dizia:
“Só embarca quem tem saudade. ”
— Este é o Trem da Vontade! Gritou Cacimba, subindo num tamborete.
— Anda sem trilho, sem estação e sem hora marcada. É movido a lembrança boa e desejo guardado no peito!
O povo, desconfiado, se aproximou. Os dois macacos, Simão e Sebastião, começaram a discutir.
— Isso vai dar problema, Cacimba. Viagem sem rumo é perigo certo! Alertou Razão, anotando cálculos num pedaço de casca de banana.
— E quem tem medo de se perder jamais se encontra! Rebateu Emoção, batendo palmas com os pés e jogand...
Por Zé da Flauta*
Era véspera de São Raimundo das Dores Silenciosas quando Cacimba chegou à cidade de Ventos Velhos, trazendo nas costas uma locomotiva de papel machê, feita com jornal do mês seguinte e tinta de sonho seco.
Montou o trenzinho no meio da praça. Pintado de dourado, azul e vermelho, tinha janelas falsas, apito de barro e um letreiro que dizia:
“Só embarca quem tem saudade. ”
— Este é o Trem da Vontade! Gritou Cacimba, subindo num tamborete.
— Anda sem trilho, sem estação e sem hora marcada. É movido a lembrança boa e desejo guardado no peito!
O povo, desconfiado, se aproximou. Os dois macacos, Simão e Sebastião, começaram a discutir.
— Isso vai dar problema, Cacimba. Viagem sem rumo é perigo certo! Alertou Razão, anotando cálculos num pedaço de casca de banana.
— E quem tem medo de se perder jamais se encontra! Rebateu Emoção, batendo palmas com os pés e jogando confetes.
Cacimba ignorou ambos. Acendeu uma vela de sete dias dentro da chaminé de papel, soprou três vezes o pífano encantado e anunciou:

— Hoje à meia-noite esse trem parte. Quem quiser mudar de tempo, que prepare o coração.
Às onze e cinquenta, os velhos se encostaram nos bancos, os jovens seguraram as mãos uns dos outros, e até os bêbados ficaram sóbrios para ver o milagre. Mas ninguém entrou no trem. Apenas um menino, chamado Dito, que carregava um relógio quebrado no bolso.
À meia-noite em ponto, uma névoa azul cobriu a praça. Quando ela sumiu, o trem também tinha sumido. E com ele, a cidade inteira.
Ao amanhecer, ninguém sabia onde estavam. As placas tinham letras em ordem diferente, os galos cantavam pra dentro, os sinos tocavam antes da missa, e as árvores davam sombra pro futuro.
Uma criança que tinha medo de crescer apareceu com cabelos brancos. Um velho que só queria ver o mar voltou a correr como menino. E um casal que se amava demais… passou a se desencontrar em tempos diferentes.
Cacimba, no alto do coreto, chorava.
— O tempo não é trilho, é vento... sussurrou, enquanto os macacos se abraçavam, confusos e emocionados.
E do céu, pairando como fumaça, vinha um som: o apito do trem da saudade.
*Zé da Flauta é músico, compositor, filósofo e escritor.

Provas do CNU serão aplicadas neste domingo (7) para mais de 42 mil candidatos
06/12/2025
Para saber a nota final na prova objetiva, os candidatos podem acessar a Página de Acompanhamento do concurso no site da Fundação Getúlio Vargas (FGV), banca examinadora do concurso, com Cadastro de Pessoa Física (CPF) e senha individual da plataforma gov.br.
Em todos os resultados individuais, os candidatos poderão consultar a nota da prova objetiva, a situação na prova (aprovado ou eliminado) e a classificação para as fases 2, 3 e 4, quando for o caso.
Cart...
A prova discursiva da edição 2025 do Concurso Público Nacional Unificado (CNU) será realizada neste domingo (07/12) em 228 cidades de todos os estados e do Distrito Federal. A lista com os municípios onde a prova será aplicada pode ser conferida na inernet. Segundo o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) do Governo Federal, nesta edição, 42.499 pessoas foram aprovadas e classificadas na primeira fase do certame, que consistiu na prova objetiva.
Para saber a nota final na prova objetiva, os candidatos podem acessar a Página de Acompanhamento do concurso no site da Fundação Getúlio Vargas (FGV), banca examinadora do concurso, com Cadastro de Pessoa Física (CPF) e senha individual da plataforma gov.br.
Em todos os resultados individuais, os candidatos poderão consultar a nota da prova objetiva, a situação na prova (aprovado ou eliminado) e a classificação para as fases 2, 3 e 4, quando for o caso.

Cartões de inscrição
Os cartões de confirmação de inscrição, com a indicação do local da prova discursiva, estão disponíveis desde o dia 1º no site da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para cargos de nível superior, a prova discursiva será realizada das 13h às 16h.
Já os candidatos a cargos de nível intermediário farão as provas no mesmo dia, em horário reduzido: das 13h às 15h. Os portões serão fechados às 12h30 (horário de Brasília), meia hora antes do início.
Pontos
Quanto aos pontos de cada exame, o regulamento informa que para cargos de nível superior, a prova será formada por duas questões, valendo 22,5 pontos cada, totalizando 45 pontos. Para nível intermediário, a avaliação será composta por uma redação dissertativo-argumentativa com valor total de 30 pontos.
A prova deve ser escrita à mão, com caneta esferográfica azul ou preta, e somente o texto transcrito na folha definitiva será considerado para correção.
Os textos deverão ter até 30 linhas e serão avaliados a partir dos conhecimentos específicos - que equivalem a 50% da nota total para nível superior - e o domínio da Língua Portuguesa, equivalentes aos demais 50% da nota para nível superior. Para o nível intermediário, o domínio da Língua Portuguesa será responsável por 100% da nota total.
— Com informações da Agência Brasil
Os laços ocultos da guerra ambiental e da corrupção, por Maurício Rands*
06/12/2025
Os parlamentares também derrubaram os vetos ao PLP que se converteu na Lei Complementar 212/25, que dispõe sobre o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Todos vão poder rolar suas dívidas a uma taxa camarada (IPCA + juros de 0 a 2%). Quando a Selic está em 15%.
O projeto do mineiro Rodrigo Pacheco sofreu vetos de Lula que agora foram restabelecidos pela derrubada dos vetos. Com isso, os estados que mais devem à União (SP, MG, RJ e RS) terão sua irresponsabilidade fiscal bancada pelos demais estados. Em ambos os vetos, o Centrão e o PL votaram juntos.
Crime organizado e espertalhões<...
O Congresso derrubou vetos de Lula em dois projetos. O primeiro, o PL da devastação que se converteu na Lei 15.190/25, continha retrocessos ambientais. Os vetos tentaram amenizá-los. Sua derruba restabeleceu dispositivos que contornam a fiscalização ambiental, como a possibilidade de auto licença em projetos de menor impacto ambiental.
Os parlamentares também derrubaram os vetos ao PLP que se converteu na Lei Complementar 212/25, que dispõe sobre o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Todos vão poder rolar suas dívidas a uma taxa camarada (IPCA + juros de 0 a 2%). Quando a Selic está em 15%.
O projeto do mineiro Rodrigo Pacheco sofreu vetos de Lula que agora foram restabelecidos pela derrubada dos vetos. Com isso, os estados que mais devem à União (SP, MG, RJ e RS) terão sua irresponsabilidade fiscal bancada pelos demais estados. Em ambos os vetos, o Centrão e o PL votaram juntos.
Crime organizado e espertalhões
Além desses vetos absurdos, os últimos dias revelaram o entrelaçamento entre o crime organizado, corruptos espertalhões e alguns partidos e políticos de destaque. Tudo ainda pendente do prosseguimento das investigações e das ações judiciais que devem assegurar o amplo de direito de defesa.
Na operação Carbono Oculto foram mencionadas conexões entre o Primeiro Comando da Capital (PCC), financeiras da Faria Lima e distribuidoras de combustíveis. Várias reportagens e o mundo político têm especulado que aliados do governador Tarcísio de Freitas estariam temerosos de delações premiadas. Cita-se uma doação de R$ 3 milhões que sua campanha teria recebido do cunhado do dono do Banco Master.
Na operação que investiga as fraudes financeiras no Banco Master, a Compliance Zero, o fraudador Daniel Vorcaro recebeu investimentos de fundos suspeitos de elo com o PCC. E fraudou recursos investidos pelos fundos previdenciários dos servidores do RJ, DF e AP, o que coloca na linha de fogo os governadores do Rio do DF e do AP, este último aliado do presidente do Senado Davi Alcolumbre.
Entranhas de apoio político
Segundo as reportagens sobre o caso, Daniel Vorcaro teria a proteção de políticos como Ciro Nogueira, senador do PP-PI que foi chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro. Além de Arthur Lira, deputado do PP-AL, que foi presidente da Câmara e continua sendo um dos principais líderes do Centrão.
Na operação Poço de Lobato, sobre as fraudes da Refit, as reportagens salientam o papel de Jonathas Assunção, executivo de relações institucionais da Refit e ex-número 2 de Ciro Nogueira na Casa Civil. Assim como teria sido citado o deputado federal Dal Barreto (União-BA). Esses políticos não podem ser considerados culpados antes do avanço das investigações e de suas eventuais defesas. Mas o que até agora aflorou nessas três operações aponta para as entranhas do apoio político às operações investigadas.
Descolamentos de Bolsonaro
O desgaste de Bolsonaro está levando os políticos de direita a tentarem se descolar dele. Em vão. Porque os seus líderes conquistaram seus atuais cargos endossando tudo que fez o ex-presidente.
Ganha uma passagem para a Flórida quem apontar um pronunciamento firme de Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Cláudio Castro, Ronaldo Caiado ou Ratinho Jr contra alguns dos seguintes atos do seu Jair e sua família: negacionismo na epidemia, populismo penal do “bandido bom é bandido morto”, trama golpista e atentados contra instituições democráticas, venda de joias pertencentes ao patrimônio público, articulação e apoio ao tarifaço de Trump contra as exportações brasileiras, aplicação da Lei Magnitsky a ministros do STF e ameaça à nossa soberania nacional.
Esses pré-candidatos precisam de Bolsonaro, mas não o querem. Tentam se equilibrar numa missão impossível, que o eleitor nem sempre é bobo. Fingem integrar uma direita “moderada”, como se o apoio que sempre deram às pautas extremistas do bolsonarismo pudesse ser cancelado com o “rebranding” eleitoral. E como se nada tivessem com os personagens das Operações Carbono Oculto, Compliance Zero e Poço de Lobato.
O país já sabe que Daniel Corvaro e Ricardo Magro tinham conexões com políticos que lideram partidos como o Progressistas, o União Brasil, o PL e outros. Não por coincidência, partidos que sempre apoiaram Jair e suas posições. E lembrar que esse movimento da direita brasileira, populista e autoritária, ganhou impulso brandindo a bandeira contra a corrupção...
Manobra ilusionista
Afinal, o próprio epíteto “centrão” já é uma manobra ilusionista para amenizar a realidade de que pertencem à velha direita patrimonialista que tem sido uma das causas do nosso subdesenvolvimento. O país, como diria Raymundo Faoro, ainda está à espera de uma direita que seja ao mesmo tempo democrática e não patrimonialista.
*Maurício Rands é advogado formado pela FDR da UFPE, professor de Direito Constitucional da Unicap e PhD pela Universidade Oxford
NR - Os textos assinados expressam a opinião dos seus autores. Pessoas e instituições citadas têm espaço para suas manifestações.
NR - Os intertítulos foram inseridos ao texto à revelia do autor, dentro do padrão editorial de O Poder, sem alterar o conteúdo.

