
Balaio de Tudo - A Igreja do Engenho Miranda - Josué Sena - Desembargador, poeta e historiador.
16/12/2021 - Josué Sena
À beira da pista, no engenho Miranda,
Bela igreja num outeiro se aninha,
A atrair a vista de quem por aí anda,
Sob cuja nave jaz a jovem Chaninha.
Proclamam que a extinta é santa,
Não a decompôs a terra mesquinha,
E que sua alva aura, decerto, espanta
Os males de quem se avizinha.
Então a vênia valerá a pena
De ir à igreja de Sant’Ana em visita
E aí elevar de louvor a prece plena
Que a grata veneração dita,
A essa adolescente pura e serena,
Hoje mui chamada de bendita,
Que cedo deixou a vida terrena
E que ser milagrosa se acredita.
MARCAS DE SANTIDADE
A nave da Capela de Sant’Ana, do engenho Miranda, situada à margem direita da rodovia estadual que segue de Goiana a Condado, abriga a sepultura de Feliciana de Moraes Corrêa de Oliveira, conhecida por “Chaninha” (nascida em 15 de março de 1872 e falecida em 30 de julho de 1877), filha de Feliciano Gomes Pereira Corrêa de Oliveira e Maria de Moraes Correia de Andrade.
SANTIDADE
O corpo, como se constatou nas duas vezes (a primeira delas em 1906) em que foi exumado, não se decompôs, criando-se, em decorrência do inusitado fato, a fama de santidade da falecida adolescente. Sobre o acontecimento, há notícia subscrita pelo frade Vital Maria de Ipojuca, em edição de agosto de 1938, na “Publicação do Dom Vital”, órgão noticioso dos Padres Capuchinhos da Penha, e existem artigos de Expedito Corrêa de Oliveira, bacharel em Direito, escritor e ex-vereador do Recife, publicado em folheto e no jornal mensal goianense, “A Província”, edição de junho de 2002. Na mesma edição do jornal citado (p.3), noticia-se a graça da cura de grave enfermidade do recém-nascido Lucas Martins, pela intercessão de “Chaninha”, atendendo às preces do pai do menor.
MILAGRES
Outrossim, a escritora Andréa Gondim Fernandes em seu livro “Velhos Engenhos de Minha Terra” (pp.104-105), relatou que o seu avô, Leonídio Corrêa, acometido de uma hérnia estrangulada, recuperou-se, sem necessidade de cirurgia, por meio de preces endereçadas a “Chaninha”. Informou, também, que, quando ornamentam os túmulos das diferentes pessoas enterradas na capela do engenho Miranda, as formigas cortam as flores de todos, menos das que se colocam no túmulo de “Chaninha”. Dita capela encontra-se em bom estado de conservação, tendo sido realizada obras de calçamento e ajardinamento do seu acesso, é bastante visitada pela comunidade católica e nela realizam-se com regularidade cultos e celebrações de missas.