
O mar de Brasília- O Planalto já foi fundo de oceano
25/02/2022 - Hylda Cavalcanti
Estudos de arqueologia que vêm sendo realizado há mais de dez anos pela Universidade de Brasília (UnB) e Universidade de São Paulo (USP) na cidade de Planaltina, no Distrito Federal, apontam cada vez mais vestígios que a área onde se encontra hoje Brasília e seu entorno já foi o fundo de um grande oceano, há cerca de um bilhão de anos.
TRÊS CONTINENTES
Segundo o trabalho dos pesquisadores que participam desse trabalho desde 2010, o território da capital federal era um grande mar cercado de três grandes continentes e tinha as dimensões do Atlântico atual. Conforme o geólogo e professor de paleontologia Henrique Zimmermann, as evidências desse mar antigo podem ser encontradas com facilidade pelos brasilienses, pela análise de sobreposições nos solos do cerrado.
ROCHAS
“A coisa mais nítida é quando a pessoa que olha para as rochas do Distrito Federal enxerga a presença de camadas. Essas camadas são as que existiam no fundo do oceano”, explicou. De acordo com ele, essas camadas eram compostas por areia e argila que compuseram o fundo do oceano e nesse grande mar viveram cianobactérias, que podem até mesmo ser consideradas as primeiras vidas brasilienses.
REGISTROS
O paleontólogo informou que foi o surgimento desses seres, produtores de oxigênio, o que causou uma grande mudança biológica no planeta, dando origem à atmosfera e às condições adequadas para o surgimento de formas mais complexas de vida. “Registros de cianobactérias petrificadas estão presentes nas pedras de calcário da região administrativa da Fercal”, informou.
CORDILHEIRA
O estudo levou ainda a outra constatação pouco conhecida da população: de que o DF também já fez parte de uma grande cadeia de montanhas de 8 mil metros de altura, há cerca de 600 milhões de anos. Essa cordilheira tinha quase 1.500 quilômetros e se estendia do sul do estado do Tocantins até o sul de Minas Gerais. “A erosão da chuva e do vento foi destruindo essas montanhas”, explicou o paleontologista. A pesquisa segue em realização e deve divulgar novos resultados até junho.