
História - Morte do cabo traidor não encerra polêmica
17/03/2022 - Equipe O Poder
A respeito das matérias publicadas na edição BRASIL de ontem e na edição PERNAMBUCO de hoje, o Jornal O PODER continua recebendo várias contribuições. Uma delas, importante, mas que exige uma análise mais demorada, é o documento intitulado “Relatório de Paquera".
ESPIONAGEM
'Paquera' era utilizado na gíria dos órgãos de repressão durante o regime militar como sinônimo de espionagem de esconderijos ("aparelhos", no jargão da época) ou locais de encontro (denominados 'pontos') dos guerrilheiros urbanos que participavam da luta armada contra o regime. O relatório é considerado um dos documentos mais importantes sobre a forma como atuavam os espiões da ditadura.
INFILTRADO RELATOU
Foi escrito por José Anselmo dos Santos, agente da ditadura infiltrado na Vanguarda Popular Revolucionária – VPR, após viagem ao Chile, onde entrou em contatos com dirigentes das organizações revolucionárias. Anselmo morreu ontem, no interior de São Paulo, de causas naturais. Sua morte provocou dolorosas lembranças dos anos de chumbo.
CAJÁ
O militante e ex-preso político Edval Nunes da Silva Cajá, dirigente do Partido Comunista Revolucionário, única organização nascida para combater a ditadura e que continua em atividade fiel ao programa marxista-leninista, também comentou as matérias. Inicialmente, corrigiu um erro da nossa edição PE de hoje:
o cabo Anselmo foi infiltrado na VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) e não na ALN (Aliança Libertadora Nacional), conforme dissemos. Nossas desculpas pelo equívoco.
CORREÇÃO
Segundo ainda Cajá, o chamado massacre da Granja de São Bento foi na verdade um teatro. O que aconteceu na real, segundo descreve, foi o sequestro de cada um dos militantes da VPR. Levados para o DOI-CODI, lá foram torturados até morte. Para justificar os assassinatos perante a opinião pública, levaram os corpos para a Granja, simularam um tiroteio para acabar com um suposto congresso da VPR. Na verdade, não havia congresso e nenhum companheiro foi assassinado na Granja de São Bento.
ELOGIO
Feitas as correções, Cajá disse que " o restante das matérias está excelente, com destaque para o registro da construção do Centro de Referência Soledad Barret".