
ENTREVISTA / AMARO FILHO – Documentarista e produtor do filme “Geraldo Freire – O Comunicador da Maioria”
07/07/2022 - Jornal O PODER
JORNAL O PODER - quem é Amaro Filho e quais as suas realizações cinematográficas?
AMARO FILHO - Sou documentarista, produtor cultural e radialista, atualmente sócio da Página 21. Nascido na nação Peixinhos, olindense, venho há cerca de 40 anos trabalhando com os vários seguimentos culturais, comecei a trabalhar com áudio visual na Tv Viva, onde fiquei por 10 anos. Depois desenvolvi vários trabalhos, como documentários, séries de tv, e fiz também a produção de frente do longa metragem Baile Perfumado, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, uma escola de cinema.
Alguns trabalhos:
- Documentários: Carnavais – 1999 (premiado no Guarnicê de Cine e Vídeo de São Luís do Maranhão; Terra da Matança – 1994 (selecionado para o Festival do Minuto – SP); Tejucupapo – Um filme sobre mulheres guerreiras (selecionado entre os cinco melhores documentário do Brasil de curta metragem pela Academia Brasileira de Cinema – 2001, premiados em diversos festivais de cinema brasileiro); Naná e os Maracatus - 2002; Ligações – 2007 (premiado no Guarnicê de Cinema em São Luís - MA; Maestro Formiga; DVD – Paixão de Cinema; Nossos Ursos Camaradas, Assistente de direção de Fernando Spencer - 2009; Tereza – Cor na Primeira Pessoa (premiado no Cine PE; Sagatio – Histórias de Cinema (Menção honrosa no Cine PE); O Comunicador da Maioria (sobre a trajetória do radialista Geraldo Freire).
- Séries televisivas: Chorões; Simião Remake.
O PODER - Como chegou ao projeto de "Geraldo Freire o Comunicador da Maioria”?
AF- A ideia surgiu há algumas décadas quando comecei a ouvir a Super Manhã ainda na Rádio Olinda, fiquei muito ligado na sua desenvoltura no rádio. Depois, resolvi fazer o curso de radialismo no CEFET-PE, uma parceria com o Sindicato dos Radialistas, onde Geraldo era o presidente e criou o curso. Anos depois, encontrei Geraldo Freire em duas campanhas políticas, eu como produtor e repórter, mas até aí eu era apenas um admirador. Até que fui dirigir o guia eleitoral dos proporcionais numa campanha política, onde conheci o radialista Wagner Gomes, comentei com ele que tinha muita vontade de mostrar a vida de Geraldo em audiovisual por meio de um documentário. Wagner fez essa ponte, me fez conhecer mais de perto o Comunicador da Maioria, foi quando fiz a proposta pra ele, que à princípio, não acreditou muito no projeto, depois colaborou bastante.
O PODER - Como foi trabalhar com Geraldo?
AF- Tivemos vários momentos, o primeiro foi convencê-lo em se disponibilizar para as gravações. Geraldo, não gosta muito de câmeras em cima dele, dizia que ele ia morrer, porque documentário se fazia quando o personagem ia morrer. Gravamos durante cinco anos com vários espaços de tempos, chegou uma hora que ele sugeria a pauta pra gente. Quando chegou a pandemia, fizemos a última gravação e um dia após parou tudo, o mundo. Porém, já tínhamos 90 % do filme gravado, muito material. Geraldo é um menino treloso! Foi muito bacana trabalhar com ele. De uma imprevisibilidade incrível, mas cumpre os acertos.
O PODER - Como avalia o resultado final?
AF- Primeiramente, saber dele, né? Fiquei um pouco ansioso com sua reação. Após a primeira exibição só para convidados, quando ele disse que gostou, eu relaxei e tomei uma cachaça. Na verdade, o documentário é uma homenagem que eu faço à radiofonia pernambucana, por consequência à brasileira, por meio deste personagem incrível que inventou moda no radialismo. Estamos seguindo para a quarta exibição do filme, sendo uma fechada, e três públicas, uma no Cinema São Luís, outra na rua em Pesqueira, e essa agora no Cine Teatro do Parque. Quem viu gostou bastante, o documentário tem um ritmo muito bom, mesmo com muitos depoimentos ele não é enfadonho. Geraldo, barbariza contando suas histórias de vida e trabalho. Eu gostei bastante, até porque é um documentário que pode ser levado para as escolas de comunicação e render um bom debate, eu tinha essa intenção.
O PODER - Qual a emoção de ver seu trabalho na telona e ouvir os elogios do público?
AF- Esse é meu primeiro trabalho com uma hora de duração no gênero documental. A equipe praticamente toda já assistiu e todos fizeram elogios, trabalhei com uma equipe pequena e de muita qualidade, eles são um termômetro pra mim, pois, vem trabalhando com outros diretores também e hoje o cinema pernambucano é referência mundial, então são parâmetro. O público na sessão do Cinema São Luís foi muito qualificado, tinha gente de cinema, jornalistas, pessoas com formação de arte e política, depois da sessão vieram conversar comigo, fiquei com a sensação do dever cumprido, mais que isso, fiquei muito feliz.
O PODER - Que mais gostaria de acrescentar?
AF- Vamos correr as salas de cinema, festivais, principalmente as salas de aula. Imagino fazer um circuito pelo interior nas cidades que tenham uma tradição radiofônica, como Caruaru, Limoeiro, Afogados da Ingazeira, Petrolina, Garanhuns, Pesqueira, entre outras, juntar o povo e os comunicadores pra conversar e confraternizar com o rádio pernambucano. Essa sessão do Cine Teatro do Parque será um marco no início dos debates, além de que o cinema está lindo e de qualidade na exibição. Grato.