
RECONTANDO A HISTÓRIA - DESCOBERTO SÍTIO COM MAIS DE 5 MIL ANOS NA PARAÍBA
29/07/2022 - Jornal O Poder
Uma busca histórica. Um mergulho no tempo. Informações preciosas que podem ajudar a compreender um pouco da existência humana através dos vestígios deixados ao longo dos tempos. Desvendar o nosso passado. Como vivam os povos antigos que desbravaram o território paraibano. Trata-se de mais uma descoberta arqueológica na Paraíba.
O sítio arqueológico de arte rupestre foi encontrado no Sítio Tanques, localizado na zona rural de Frei Martinho, Seridó do estado
OCUPAÇÃO
O paleontólogo e arqueólogo Juvandi de Souza, que está à frente das pesquisas, declarou que, para a arqueologia, o encontro desse novo sítio arqueológico mostra a intensa ocupação do que hoje é a Paraíba no passado.
GRAVURAS
O Jornal O PODER conversou por telefone com o professor Juvandi que deu detalhes do achado arqueológico. Segundo ele, o no sítio reúne gravuras de 5 mil anos atrás.
Ele acredita que as gravuras são de povos coletores, caçadores e pescadores da pré-história. Nas imagens, os pesquisadores usaram giz para realçar o local onde estão os achados arqueológicos.
LABORATÓRIO
O achado é resultado do trabalho da equipe do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia (Labap) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). A próxima etapa é o registro junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e o sítio será aberto para visitação turística.
O ACHADO
O professor Jurandir disse que as últimas peças do sítio foram achadas na última quarta-feira (26). A equipe comandada pelo arqueólogo já trabalha nesta área no município de Frei Martinho há dois anos.
“São achados importantes que podem ajudar a desvendar um pouco da história dos povos antigos na Paraíba” disse.
Segundo o professor Juvandir, existem atualmente mais de 2 mil sítios arqueológicos na Paraíba, sendo que destes, 600 foram descobertos e se encontram em fase de estudo.
FONTE
Para o arqueólogo, trata-se de mais uma importante fonte de pesquisa sobre a pré-história da Paraíba.
Mais uma importante fonte de pesquisa sobre a pré-história do estado”, disse.
NÃO PICHAR
Devido a importância histórica, o arqueólogo pediu a população para não depredar esses locais, visto que os sítios arqueológicos contam a história do Brasil, que ainda não consta nos livros de história. Isso porque em alguns locais, vândalos depredaram a área.
Em alguns deles, encontramos pichações”, acrescentou o arqueólogo e paleontólogo.
DESCOBERTA NO SERTÃO
Em um vasto material encaminhado para o Jornal O PODER, o paleontólogo e arqueólogo Juvandi de Souza, destacou a importância histórica de alguns sítios encontrados por sua equipe recentemente no Sertão da Paraíba. Segundo ele, o material arqueológico pode mudar a história do Estado, pois revela que os povos "Tupis" também habitavam na região do Sertão, e não apenas no Litoral como contam os livros de história.
OS OBJETOS
Foram descobertas panelas, grandes panelas de barro, e urnas funerárias que revelam a forma como os tupis sepultavam seus mortos, eles aproveitavam os recipientes velhos que eram usados para cozinhar, guardar água ou comida.
“O enterro se dava de duas maneiras: primeiro, ele era colocado no solo. Depois de algum tempo, um ou dois anos, o corpo era exumado, descarnado caso ainda houvesse restos de pele ou cabelos, e os ossos eram depositados nas urnas e enterrados. Às vezes, quando era um indivíduo grande, os ossos eram até quebrados, para que coubessem”, descreveu Juvandi.
LOCALIDADES
A equipe do professor Juvandi catalogou resquícios de ocupação de índios tupis em pelo menos 16 localidades do Brejo, Agreste e Sertão paraibanos, regiões historicamente conhecidas por terem sido ocupadas por índios de outra etnia, os tapuias.
GUARDADO
O material descoberto até agora é tratado e guardado no Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB.
“É um material que está sendo higienizado, analisado e colado. Tão logo a prefeitura, com a comunidade, crie um espaço para a gente instalar lá um pequeno museu, todo esse material volta para Serra Grande para ser contemplado pela população local. É um material que não pertence a nós, e sim ao povo de Serra Grande”, afirmou.
CEMITÉRIO
Uma das descobertas mais recentes foi registrada no sítio Moconha, em Serra Grande, a 457 km de João Pessoa. Segundo o coordenador da pesquisa, o local é tido como um aldeamento e cemitério tupi.
“O que tem chamado a atenção é a grande quantidade de material, a qualidade, inclusive com a presença de ossos humanos, possibilitando a datação com carbono 14 para saber quando os tupis estiveram na região e entender como a Paraíba foi povoada”, explicou Juvandi.
ESCAVAÇÕES
Em uma das escavações, a equipe descobriu um traçado de “caruá” uma espécie de tapete onde os povos antigos que habitavam o Cariri paraibano enrolavam os mortos para o devido sepultamento. (Severino Lopes)